O mágico que se tornou cavalo e o cavalo que é mágico

A perfeição que se tornou o Bayern radica nas características e qualidades dos seus jogadores. Não há mágicos estáticos, nem cavalos sem magia. Todos são um pouco de um e de outro, mesmo que uns sejam mais isto e outros aquilo.

É impressionante a disponibilidade defensiva do mágico Thiago que não falhou uma saída para pressão, não dá um centímetro para jogar ao seu oponente, mas é sobretudo extraordinária a forma como… joga futebol. É inacreditável a forma como sai da pressão.

Em Janeiro trouxemos o “Impagável Thiago

O nível a que se apresentou no Estádio da Luz na final da Liga dos Campeões foi… o nível Thiago Alcantara. Nem mais nem menos.

É impressionante o quão assertivo em posse é Goretzka. Do alto do seu quase um metro e noventa, não falha mais de dez por cento dos passes que realiza jogo após jogo, raramente perde a posse e acaba sempre por recuperar seja por duelo, seja por intercepção, mais bolas do que as que entrega mal. Mas, é sobretudo extraordinária a sua tremenda capacidade para fechar espaços e trazer as tão determinantes superioridades numéricas para o sucesso colectivo. Num instante vai de uma ponta à outra do campo e assegura vantagem espacial, permite que o Bayern defenda com mais um ou ataque com mais outro.

Eis Goretzka, com praticamente noventa minutos em cima:

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2 Comentários

  1. Mas qual é o factor ou factores que lhes dá essa pedalada toda? Genético não é, pode haver alguma predisposição mental para o esforço na Alemanha, para dar o máximo, é apenas uma hipótese, mas isto também acontece noutras realidades que não têm este sucesso todo.

    Arrisco dizer que esta predisposição vem mais do contexto, ou seja, um campeonato muito competitivo, que obriga toda a gente a ser competente e sobretudo a ter pedalada sob risco de serem esfolados semana sim, semana não (ainda que com um vencedor crónico, mas competitividade não é sinónimo de qualidade, longe disso até, se não o campeonato aqui da minha banda seria o melhor do mundo), clubes e associações com um grande trabalho efectuado na formação, que resultou numa fornada interminável de bons jogadores (até há 20 anos atrás eram raros os jogadores formados na Alemanha a jogar no estrangeiro, hoje em dia até o Benfica tem três e já quis contratar mais, o Brighton subiu à PL com um treinador alemão e não sei quantos atletas da Alemanha no plantel, quer dizer, eles têm matéria-prima para dar e vender e para diferentes objectivos) que, depois, acabam por fomentar uma grande exigência a todos os níveis. Mesmo para os treinadores!

  2. É útil fazer um paralelo entre a performance do Thiago e a do Neymar, já por diversas vezes elogiado neste blogue.

    O talento, quando não está aliado a diversos factores, como a determinação, o profissionalismo e o entendimento adequado a todas as acções no contexto do jogo pode transformar um jogador extremamente habilidoso numa peça que não tem valor.

    O Thiago começa a carreira como médio mais avançado e é quando começa a recuar no terreno que tem o impacto que todo aquele talento antevia. Infelizmente as lesões também atrasaram um pouco a sua afirmação como um médio de eleição, mas estamos a falar de um jogador que se tinha como muito talentoso mas sem voluntarismo. Foi quando percebeu que o primeiro não é nada sem o segundo que conseguiu perceber o que podia dar no contexto da equipa e isso muda tudo.

    Em contraste, a prestação do Neymar nesta fase final, em qualquer um dos jogos, foi medíocre, sendo que no último jogo, por alto, deve ter tido uma taxa de sucesso em cada acção que rondasse os 25%. Entre fintas sem contexto, passes sem nexo e finalizações desastradas está o reflexo de uma equipa que foi criada para o tornar melhor e não o inverso. E isso faz toda a diferença quando o jogador claramente não tem qualquer perfil de liderança. O contexto no Barcelona, com pesos muito pesados no balneário e no qual se inseriu com muito menor pressão permitiu que praticasse o melhor futebol da sua carreira.

    Daí que tenhamos um Bayern em que onze jogadores formam um colectivo fortíssimo, e como dizem e muito bem, falhando um, falha tudo, não podemos ter um PSG em que dez, fazendo aqui um favor ao Mbappé que pouco participa no processo defensivo, participam activamente no processo sem bola da equipa.

    Não deixo também de pensar que o Bayern não seria a equipa que é se não tivesse, internamente, um conjunto de equipas muito forte que os obriguem a estar num nível muito alto durante todo o ano – é só recordar que são orientados por aquele que seria um interino porque o treinador principal foi despedido no princípio do ano – enquanto que o PSG tem um autêntico passeio todos os anos numa liga Francesa para a qualquer teriam uma primeira e segunda equipas a disputar o primeiro e segundo lugares. A competição interna torna estes jogadores muito melhores e, por consequência, o seu colectivo muito mais disponível e habituado a estes confrontos de alta exigência.

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