“Vai para cima ca****o, se perderes a bola a culpa é minha”: o Celta de Coudet, do Brasileirão a surpresa da La Liga

O Celta de Vigo contratou recentemente o treinador argentino Eduardo Coudet, que depois de ser jogador iniciou a sua carreira como treinador no Rosario Central, em 2015. Foi em 2017 que Coudet começou a dar nas vistas, quando orientou o Racing Club a pedido do diretor Diego Milito e colocou uma equipa pouco favorita como campeã argentina. O segredo? “Huevos”. Não da maneira como a expressão é normalmente utilizada, relativa ao poder físico e bruto, mas pela coragem que revelava cada vez que pisava o relvado: abordagens com bola destemidas, um processo de jogo muito bem definido e que passa por ter a bola como o centro de todas as ações. Esteticamente elegante, o Racing encantou tudo e todos e a mensagem de Coudet era clara: para jogar desta maneira, são precisos muitos “huevos”

Huevos no es tirarse a los pies, huevos es jugar bien a la pelota.Huevos para pedirla, jugar y asociarse”

Aos seus jogadores, pedia-lhes apenas que se divertissem, que jogassem o jogo como sempre o sonharam e que não tivessem medo de ter a bola, algo cada vez mais comum em jovens jogadores muito (mal) influenciado pela pressão de muitos treinadores de formação. Coudet fez um excelente trabalho e acabou por ir para ao Internacional, do Brasileirão, e a mensagem continuou sempre a mesma: “gambetea carajo” (vai para cima ca****o).

“Vai para cima ca****o, se perderes a bola a culpa é minha. 1v1 vais para cima e fazes golo fácil”

Coragem, ambição, e ideias muito bem definidas que o levaram ao que todos querem: uma equipa europeia de uma liga do big-5. O Celta estava muito mal na temporada, mas 5 jogos bastaram para mostrar que há novo sangue em Vigo. Perdendo apenas na estreia frente ao Sevilha de Lopetegui por 4-2, são já quatro vitórias seguidas da equipa que já é apelidada como a mais divertida da Europa. O padrão e a identidade de Coudet continua muito bem definida, e a qualidade de jogo fala por si. Sem grandes recursos, mas com um ataque liderado por Iago Aspas, Nolito, Santi Mina e Brais Mendez, o Celta joga num 4-1-3-2 em desuso, que potencia todo o seu jogo interior e que ocupa muito bem o corredor central para jogar de forma curta e apoiada, com muita variabilidade no seu jogo.

As chaves do sucesso ofensivo deste Celta, que marcou 11 golos nos últimos 4 jogos e apenas sofreu 1:

  • Ocupação e definição dos espaços a ocupar
  • Ligação e relações entre jogadores no corredor central, a diferentes alturas e prontos para antecipar cada passe
  • Largura e profundidade estimuladas constantemente
  • Irreverência, ambição e coragem para encontrar jogadores dentro do bloco adversário e partir para cima dos defesas.
  • “Todos atacam, todos defendem”

Fica então o vídeo com alguns dos melhores momentos deste Celta de Coudet:

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Rodrigo Carvalho. 26 anos, treinador adjunto-analista nos San Diego Loyal, EUA. @rodrigoccc97 no Twitter.

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