UM “ÀS DE TRUNFO” PARA OS GRANDES

Com o mercado de transferência ainda aberto – encerra a 4 de fevereiro – façamos um exercício: olhar para os modelos de jogo e as carências destes, nos três grandes, e escolher, para cada um deles, um reforço que pudesse acrescentar qualidade a cada um, sendo ele proveniente do mercado nacional.

Começamos com Angel Gomes. O médio ofensivo é a figura do Boavista. Internacional inglês pelas camadas jovens é um jogador de enorme potencial e adaptabilidade tática. Ideal para o modelo camaleónico de Conceição, no Porto.

Apesar de ser mais preponderante no corredor central, Angel é dotado da cultura tática que lhe permite jogar também a partir de uma ala – de preferência a esquerda para usar o seu pé direito em diagonais nas costas da linha média adversária. Dono de uma técnica individual apurada e de extrema habilidade motora, sente conforto em espaços curtos. Fortíssimo no último passe, pode ser o substituto ideal para Otávio, em final de contrato com os dragões. Tem 20 anos e muito futuro.

Mais dois anos tem Marcus Edwards, o extremo esquerdino inglês, na segunda temporada no Vitória de Guimarães, tem um perfil ligeiramente diferente de Gomes. Mais veloz e repentista que o compatriota, Edwards poderia ser a “chave do cofre” que o Sporting necessita. A turma leonina tem sentido dificuldades em vencer alguns jogos, sobretudo no seu reduto, frente a adversários que se apresentam bem compactos defensivamente e em “bloco baixo” dando a iniciativa aos leões.

Edwards nem sempre tem sido titular neste segundo ano em Guimarães – o inglês foi prejudicado pela chegada de Quaresma ao emblema do castelo, pois ambos rendem mais no mesmo espaço, a ala direita -. Apesar de canhoto, o extremo tem nos movimentos de diagonal com bola o seu ponto mais forte. A capacidade de remate, a velocidade, a técnica para resolver lances de um contra um e, ainda, o centro de gravidade baixo, que lhe permite bruscas mudanças de direção, poderiam fazer de Edwards o abre-latas de que os leões necessitam para desbloquear as defesas mais “amarradas”.

Amarrado ao seu modelo está Jorge Jesus. O jogo preconizado pelo treinador encarnado procura um pressing constante sobre o adversário, logo junto à sua área. Para isso, necessita de um coletivo operário e uma última linha – defensiva – subida no campo, para que toda a equipa esteja sempre compacta.

Os resultados recentes demonstram que as coisas não estão a funcionar. O principal problema do modelo encarnado reside na zona central do terreno. Se Weigl já convenceu, o seu parceiro de setor ainda não parece definido.

Al Musrati, médio do Braga, poderia ser a solução. Nascido na Líbia, tem crescido sob o comando de Carvalhal, a quem se juntou há um ano, no Rio Ave. Se numa primeira fase o médio era “apenas” um recuperador de bolas, hoje é muito mais do que isso. A parceria com Carvalhal trouxe a Al Musrati um conforto na relação com a bola que este não tinha. A decidir cada vez melhor, sendo tão capaz no passe curto como longo, o bracarense tornou-se um médio completo em todos os momentos do jogo, podendo, por isso, ser a “cola” que falta ao conjunto encarnado.

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