“O Benfica encaixou na nossa forma de jogar e quando há um encaixe tão grande é difícil criar oportunidades…”
Ruben Amorim, in Conferência de imprensa pós jogo
Longe de ter sido um jogo aberto e com oportunidades, o clássico teve um Benfica que se procurou encaixar no Sporting pela forma como, tal como o FC Porto o fez para a Taça da Liga, se posicionou num 5x2x3 no momento defensivo. Este encaixe proporcionou constantes duelos individuais e pouco espaço para jogar o que provocou mais perdas de bola, uma vez que, cada jogador benfiquista encaixou em cada jogador leonino num jogo onde, mais do que querer ganhar, ninguém quis perder expressa em como cada treinador preparou a sua equipa e aí, pela forma tão coordenada e automatizada como a equipa defende, o Sporting partia em vantagem.
Logo após Ruben Amorim, se ter apercebido do posicionamento defensivo do Benfica, colocou Pedro Gonçalves nas costas dos dois médios encarnados, adiantando Nuno Santos e Tiago Tomás e invertendo o triângulo do ataque leonino (1+2). Foi a coordenação de movimentos destes três que permitiu ao Sporting criar situações de perigo junto da baliza de Vlachodimos, principalmente em situações de ataque à profundidade. A complementaridade dos três, em ataque posicional, aumenta a capacidade do Sporting explorar a profundidade e tal como Ruben Amorim referiu após o jogo, movimentos complementares (apoio – rutura) são fundamentais contra linhas de 5. Foi, ainda, de bola parada (nomeadamente, em situações de canto) que o Sporting poderia ter chegado ao golo mais cedo do que chegou, trazendo cantos ao 1ªposte para o derby lisboeta.
O Benfica foi dando respostas a uma maior supremacia do Sporting em situações de contra-ataque que foram estancadas pela entrada de Palhinha (que até ajudou Matheus Nunes a soltar-se no ataque) e pela linha defensiva leonina que esteve irrepreensível no capitulo defensivo.
Quando ninguém faria prever, Matheus Nunes colocou a cereja no topo da sua excelente exibição e desencaixou um jogo riquíssimo taticamente, cimentando a luta do Sporting pelo titulo e afastando, possivelmente, os encarnados da luta pelo titulo.
Como benfiquista, fico contente por ler os elogios a Rúben Amorim, um jovem treinador ambicioso, lusitano, pragmático, que reconhece qualidade em muitos jogadores “sem nome”, ou jogadores até há alguns meses desconhecidos do grande público. É este o trabalho de um treinador. Tem qualidade e trabalha bem, cumpre com aquilo que se espera, joga. Não interessa se tem muito ou pouca experiência, idade, proveniência ou seja lá o que for.
Mas sobre o Benfica, Ernesto Valverde e Quique Setién estão livres, 2 treinadores também eles muito jovens e com qualidade que podem em 2021/22 ajudar-nos a regressar aos títulos. Não sei, pelo menos não sabem a sopa do século passado. Jorge Jesus, brilhante treinador, campeão da Libertadores, no Benfica, em Portugal, no Benfica repito, em Portugal reitero, sabe um bocadinho a isso: sopa do século passado.