TU SABES O CAMINHO, PEDRINHO

São inúmeras as vezes em que aqui já mencionámos as dificuldades da equipa de Jorge Jesus em desequilibrar, em zonas de criação. Com Luca Waldschmidt de fora das opções, por lesão, os encarnados foram ficando cada vez mais longe do golo e incapazes de de ser criativos em zona de decisão – a lesão de Rafa ainda evidenciou mais o problema. Até que, na Amoreira, apareceu Pedrinho, e tudo mudou.

O internacional canarinho sub-20 surgiu, finalmente, na posição onde mais pode oferecer à equipa ofensivamente e onde menos as suas carências defensivas a podem prejudicar: no corredor central, nas costas do ponta-de-lança. O brasileiro parece nascido de uma casa muito pequena e humilde, tal a sua facilidade – e felicidade- em resolver os problemas que surgem em espaços curtos.

Na flash interview após o jogo, Jorge Jesus disse que, apesar de a equipa ter marcado mais golos na segunda parte, tinha gostado mais da primeiro tempo porque foi aí a que se assistiu ao maior volume ofensivo da equipa da Luz. Curiosamente, ou talvez não, Pedrinho foi substituído aos 58 minutos.

O jogo de Pedrinho no Estoril foi um festival de boas decisões e assistências “com açúcar” para os colegas. Destaque para duas, em particular, em que isola Darwin e Rafa, na cara do guarda-redes adversário. Se a primeira esbarrou nas dificuldades técnicas do avançado uruguaio, cuja deficiente recepção “matou” um golo feito, a segunda, de costas a isolar Rafa, embateu na barra, após uma boa finalização do extremo luso.

O entendimento de Pedrino com o internacional português foi um constante quebra-cabeças para a defensiva estorilista. Dando o corredor lateral às subidas de Diogo Gonçalves, Rafa e Pedrinho foram permutando entre diagonais e movimentos à largura, na meia direita ofensiva encarnada e assim, criando constante incerteza nas referências de marcação do Estoril.

Uma última nota, marginal, para Darwin: apesar dos dois golos – ambos a um toque-, o avançado uruguaio continua a manifestar lacunas graves na sua relação com a bola e na consequente dificuldade em associar-se com quem está à sua volta.

Ora, uma equipa como o Benfica, que passa 80 por cento do tempo de jogo em ataque posicional, com um avançado com este perfil terá, sempre, mais dificuldades em criar perigo e, claro, chegar aos golos.

É por isso que, julgo, Jesus deveria experimentar uma solução que, até hoje, ainda não testou: dar a posição mais avançada a Luca Waldschmidt – o alemão ainda recentemente desempenhou esse papel, com sucesso, na sua seleção- e juntar Pedrinho nas suas costas. Se a estes, acrescentarmos Rafa e Everton, nos corredores laterais, talvez as águias ganhem as asas que tanto procuram, para uma segunda volta à altura dos seus pergaminhos e das expectativas criadas, no início da época.

Pedrinho vs Estoril

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