Das Tripas… Conceição

É bom que se diga que este título já não é a primeira vez que por aqui aparece. E tal não é por acaso, pois antes de irmos à heróica e estonteante passagem do FC Porto aos quartos-de-final da Liga dos Campeões, é bom que se lembre a história de um clube que andava numa espécie de limbo antes de Sérgio Conceição chegar. Chegou, com os seus defeitos e virtudes, para ensinar e não para aprender e devolveu algo que, nesta noite que fica marcada na história portista, foi absolutamente essencial. Do princípio ao fim da eliminatória (e não só do jogo de ida ou de volta) o FC Porto agarrou os quartos-de-final pelos colarinhos e mais não os quis largar.

Mostrou-o quando se desdobrava para sair para o ataque, chegando a marcar primeiro em Turim (Sérgio Oliveira, de penálti aos 18′), mostrou-o quando tornou a organização ofensiva dos bianconeri numa organização inofensiva durante toda a primeira-parte, e resistiu a um forcing que o indomável Chiesa converteu em vantagem no jogo (empate na eliminatória) para a Velha Senhora. Pelo meio teve de se ver a contas com a expulsão de Taremi e estoicamente aguentou, aguentou (dando de quando em vez uns ares perigosos da sua graça) até a um estrondo que se queria final. Num livre a fazer lembrar Old Trafford há 17 anos, Sérgio Oliveira não precisou de Costinha para fazer qualquer portista saltar da cadeira. Esta era a noite do FC Porto, uma noite que resistiria ao assalto final de Rabiot – coisa já pouca para quem, nesta terça-feira, passaria por qualquer inferno sem se queimar.

A linha de seis que acompanhou o FC Porto na caminhada até aos quartos

Numa noite daquelas a que O Jogo, A Bola e o Record simbolicamente dariam nota dez a todos os heróicos azuis-e-brancos, foi absolutamente incrível ver Pepe, aos 38 anos, fazer uma exibição estrondosa – liderando, protegendo e varrendo a linha defensiva. Um FC Porto desdobrável que, no seu último 3.º fechava em 631, só abrindo espaço à Juve nos corredores laterais – algo que a Vecchia Signora aproveitou para bombear vezes sem conta a bola à procura da profundidade. Aí fechado mas com ordem para sair, o FC Porto teve dificuldades iniciais para sair de zonas mais baixas, algo que foi corrigindo com o passar do tempo até as vozes neutras da BT Sport britânica não terem mais elogios para o carácter, a organização e a entrega portistas, abrilhantadas pela classe de Corona. No entanto, individualizar aqui seria quase criminal, visto que o tal ADN Conceição esteve presente em todos até ao último sopro. E mais que houvesse (Bjorn Kuipers apitou um interminável jogo que mais que 130 minutos) que estes quartos eram do FC Porto.

2 Comentários

  1. Um jogo à Porto Europeu. O Sérgio fala do ADN com propriedade: Fernando Couto, João Pinto, Paulinho Santos, André, Jorge Costa, etc., todos ali representados. Técnica, táctica, raça.

  2. Eu, como benfiquista, faço a minha vénia!!!
    Parabéns FCP, PC, SC , jogadores e adeptos!!!
    Sem dúvida, que o Porto tem uma marca, com pouco paralelo, na Europa e no Mundo, que é o seu ADN, este espirito guerreiro inegociável.
    Tenho pena, que o “meu” clube, de há 20 anos para cá, as suas prioridades começaram a ser outras $$$$…

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