As melhores equipas continuam a ser as mais completas.

Há 8 meses atrás, questionei: Será que o sucesso do Rio Ave reside nesta premissa, que as equipas completas são as melhores?

Carlos Carvalhal comandou o Rio Ave na época 2019/2020, finalizando o campeonato num soberbo 5º lugar e classificou o artigo “Serão as melhores equipas as mais completas?” como “o maior elogio que sentiu” na sua passagem no Rio Ave.

“O maior elogio que eu senti esta época foi uma análise (…) à equipa do Rio Ave nos diversos momentos do jogo, a defender, a atacar e nas transições. Classificou o Rio Ave como uma equipa muito completa, e eu acho que o Rio Ave era uma equipa muito completa. Porque sabia defender alto, sabia defender baixo, sabia pressionar à frente, sabia transitar perto da baliza adversária, sabia transitar muito bem quando estava a defender mais baixo, quando os adversários nos obrigavam a fazer isso e era uma equipa que atacava muito bem com bola”

Para a época 2020/2021, o Mister Carvalhal foi o eleito para liderar a equipa do Sporting Clube de Braga e, claramente, a intencionalidade do modelo é condizente com o preconizado para o Rio Ave na temporada anterior. Um modelo completo e altamente vantajoso, que contempla ferramentas que preparam a equipa para a enorme variabilidade proveniente da natureza do jogo.

O jogo de futebol, dado a sua natureza inquebrável, cria uma necessidade permanente de adaptabilidade e modelação a diferentes estímulos cognitivos e físicos, coletivos e individuais. Só um modelo rico e obrigatoriamente operacionalizado, de forma exemplar e exímia, consegue munir uma equipa para as exigências do jogo, tarefa que o mister Carlos Carvalhal consegue fazer inequivocamente e está a demonstrar pela segunda época consecutiva. O que revela que é quase obrigatório admirar o processo conduzido pelo mister, principalmente no seu regresso ao campeonato português.

Após a vitória contra o Porto no estádio do Dragão, jogo a contar para a Taça de Portugal e que carimbou o passaporte dos arsenalistas para o Jamor, o desafio foi lançado na conferência de imprensa do mister Carlos Carvalhal!

8 meses depois, só muda um nome: Será que o sucesso da época do Braga reside nesta premissa, que as equipas completas são as melhores?

Para responder a esta questão, tomemos como exemplo o jogo do Braga contra o Tondela (20º jornada – Liga NOS – Época 20/21) como modelo de observação, tendo novamente por base as declarações do Mister no seminário online da ANTF, onde abordou os princípios que regem o seu modelo de jogo.

No momento da Organização Ofensiva, Carlos Carvalhal admite: “Eu gosto da posse de bola mais agressiva, a posse de bola que bate por dentro das equipas, que consiga ir lá dentro e que as faça fechar, para depois ir para fora”. No vídeo seguinte, podemos observar, em primeira instância, a capacidade do Braga em ser agressivo com bola, utilizando os 3 corredores e circulando de fora para dentro e de dentro para fora, até chegar ao golo. Por outro lado, vemos também a equipa do Braga a atacar de forma mais direta, através de um passe longo potenciado por um movimento de rotura do médio ala, que joga no corredor contrário, criando, com isso, uma clara oportunidade de golo.

No momento da Organização Defensiva, Carlos Carvalhal afirma: “Quero que a minha equipa seja boa a fazer tudo, seja boa a defender à frente, no meio e atrás”. No seguinte vídeo, podemos observar o Braga a ter esse comportamento, defendendo de forma exemplar em situação de pressão alta, bloco médio e baixo. Mantendo sempre o bloco organizado, sincronizado e coeso, dificultando a tarefa ao adversário quando este tem a bola.

Já sobre a Transição Ofensiva, Carlos Carvalhal defende que quer uma equipa que saiba, “no momento de ganhar a bola, utilizar o espaço e ter comportamentos diferentes”. No vídeo seguinte, podemos visualizar a equipa do Braga a transitar ofensivamente de forma distinta, interpretando bem o contexto onde recupera a posse de bola. Não só transitando ofensivamente no pé, passando posteriormente a ataque organizado e chegando ao golo, mas também apostando na transição ofensiva orientada para o espaço e a profundidade, criando uma clara ocasião de golo.

Carvalhal reconhece que não quer uma equipa que, “no momento da perda de bola, tenha sempre o mesmo comportamento”. No vídeo seguinte da Transição Defensiva, vemos a equipa a reagir à perda de diferentes formas, com uma pressão no portador da bola no meio campo ofensivo e através de uma reorganização defensiva, quando a transição defensiva incide no seu meio campo defensivo.

Podemos concluir, através destes vídeos, que os padrões no plano macro, meso e micro são muito idênticos entre o Rio Ave e o Braga, ambos liderados por Carlos Carvalhal. O “maior” padrão é, sem dúvida, no plano intencional, a intenção de criar uma equipa que seja completa. Algo atingido e que garante o sucesso.

A conclusão é simples: Carlos Carvalhal torna, efetivamente, as suas equipas completas.

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