Um Azeri

Num início algo decepcionante para começo de qualificação para o Catar’ 2022, Portugal viu-se bloqueado por um Azerbeijão que teve no seu guarda-redes a figura da noite. Para o bem, e para o mal, Shahrudin Mahammadaliyev (ufa) teve uma daquelas exibições que conseguiu atenuar toda uma toada de jogo de um sentido só. Mas, como no melhor pano cai a nódoa, foi o melhor da formação azeri a dar a Portugal aquilo que Ronaldo, André Silva, Rúben Neves&cia não conseguiam. Assim, a equipa das quinas teve de esperar até ao minuto 37 para que o guardião do Qarabag cometesse o seu único erro da noite – erro esse que se provou fatal para a sua equipa e que ditou o insosso resultado final da partida. Antes disso (e depois) Portugal foi uma equipa com domínio territorial e trocas posicionais que não tiveram efeito em bolas a bater no cordame. Com Ronaldo e André Silva na frente de ataque, Fernando Santos optou por Pedro Neto para dar largura. Sobretudo pelo lado direito (por onde os lusos fizeram a maioria das investidas na 1.ª metade), o ala do Wolves pisava a linha, apoiado por dentro por Cancelo e Bernardo Silva (que também se juntava de quando em vez aos dois da frente). Com o jogo balanceado para um só flanco, foi passando despercebida a estreia de Nuno Mendes que se iniciou pelos A com a missão de fazer toda a ala esquerda.

Um Portugal assimétrico foi a imagem de marca durante toda a partida. Sempre com um lado mais povoado que outro (na 1.ª parte o direito, na 2.ª o esquerdo) a Seleção jogou a um ritmo baixo próprio de quem tem o talento e a teoria mas não o entrosamento – factor determinante para que o domínio territorial não resultasse em mais oportunidades (especialmente na 2.ª parte)



Mas foi mesmo Mahammadalyev a tudo parar numa primeira-parte onde Portugal foi uma equipa que obteve o domínio territorial esperado mas onde a finalização esbarrava no keeper azeri. Já na 2.ª metade, e com Pedro Neto a começar na esquerda, com Bruno Fernandes (que substituiu Moutinho no recomeço) e Bernardo Silva em zonas mais centrais, a bola teimava em não chegar ao último terço. E enquanto Ronaldo ia desesperando por mais protagonismo, nem as trocas que Fernando Santos foi operando (Neto por Rafa, João Félix por André Silva, e já bem perto do fim Palhinha por Neves e Sérgio Oliveira por Bernardo Silva) foram suficientes para se conseguir aquela vitória esperada que espelhasse a diferença de nível entre as duas formações. Algo que nem os fogachos de Bruno Fernandes e João Félix (que criaram as únicas reais situações de golo na 2.ª metade) puderam oferecer.

Portugal-Azerbeijão, 1-0 (Mahammadaliyev a.g. 37′)

3 Comentários

  1. Eis o regresso das brincadeiras nas selecções.

    Não há forma destes labregos (jogadores, dirigentes, etc.) evoluírem mentalmente.

    Depois as situações reflectem-se dentro do campo, por exemplo, o CR7 com mais de 100 internacionalizações teve medo dum remate do Sérgio Oliveira e a Juventus sofreu um golo na Champions sendo eliminada, já quando foi a vez do Sérgio Conceição (umas 50 internacionalizações) ter medo dum remate num livre, foi numa brincadeira na selecção, salvo erro, um jogo contra a Roménia onde ele se baixa e foi golo da Roménia.

    Este é mais um exemplo/argumento que se enquadra na minha teoria.

  2. Melhor em campo? Não vi, um que fosse, que ao longo do jogo se mostrasse com alguma continuidade e consistência.

    Pior em campo? Fernando Santos. Inequivocamente parado no tempo.

  3. É um desalento ver uma das gerações mais talentosas dos últimos anos a jogar um futebol tão pobre.

    O Ronaldo é, neste momento, uma sombra do que foi. É um grande campeão, alguém que tem uma mentalidade que não é possível replicar e que tem uma aura que deve ser preservada no grupo. Mas, dito isto, também é preciso dizer que está numa forma lastimável. Não sei se tem relação com o facto de a carreira na Juventus o estar a desgastar, se efectivamente o seu potencial físico/técnico estar a decrescer significativamente ou outro qualquer. De todo o modo, não pode sentar-se no banco? E, estando a fazer o jogo sofrível que fez, não pode ser substituído?

    As opções dos jogadores são dignas dos anos 90. Explorar a linha, fazer uma série de passes ou fintas que acabam por ter nenhum significado e despejar a bola na área, à espera de um desvio certeiro.

    Com Pedro Neto, um miúdo numa forma incrível e com uma facilidade no 1×1 ímpar, neste momento, Bernardo Silva e Cancelo no mesmo lado, a única coisa que se produziu foi uma mão cheia de cruzamentos que, se não fosse o erro colossal do GR adversário, teria resultado em praticamente nenhum lance de perigo.
    Aliás, o único lance de perigo que me recordo, na primeira parte, foi resultado de um cruzamento do Nuno Mendes, na esquerda, para cabeceamento do Ronaldo por cima.

    É, aliás, bastante reveladora a falta de ideias quando uma das primeiras opções para entrar em campo é o Rafa, quando havia Jota e João Félix para explorar caminhos alternativos, e se opta por alguém cujo único ponto de referência é ser vertical.

    Tem de se colocar o dedo na ferida e apontar que se joga muito, muito pouco. E isto contra um adversário que dificilmente teria lugar na primeira liga Portuguesa cujo orçamento deve ser pago por um mês de qualquer um dos nossos dez mais bem pagos.

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