Serviços mínimos, perseguição máxima

E de repente, o que parecia uma miragem começa agora a estar em ponto de mira para os dragões. Com os três empates do líder Sporting, nos últimos quatro jogos, o FC Porto esqueceu a eliminação na Champions e focou-se no último objectivo que lhe resta esta temporada. Objectivo esse que o Portugal do Futebol considerou perdido há algumas semanas atrás, quando os dez pontos de vantagem pareciam uma montanha intransponível para o campeão nacional. Mas, jogo a jogo e impulsionado pelo debacle leonino, o FC Porto vê luz ao fundo do túnel depois de duas vitórias em serviços mínimos mas que deixam os leões em alerta máximo antes da complicada visita à Pedreira. E tal como na Madeira, uns dias antes, o FC Porto que venceu o Vitória SC não foi um primor de excelência ou de eficácia. Pelo contrário, Sérgio Conceição viu a sua equipa passar até por algumas dificuldades criadas pelo binómio que cada vez mais aparece sempre que os treinadores lusos optam pelo 343/523.

Notas: Sofascore



Com imensa largura e com porto seguro da linha de três atrás, o Vitória condicionou a maneira de pressionar do FC Porto, iniciando bem assente nessas premissas com maiores envolvimentos, mais passes, e mais domínio territorial (que culminou num corte providencial de Otávio, aos 9 minutos) do que o próprio favorito e campeão nacional que, lembramos, precisava de ganhar para continuar com o sonho vivo. E depois de um início onde, já o dissemos, os azuis-e-brancos não acertaram com a pressão à última linha, quando se conseguiu esse desiderato apareceu a outra valência deste sistema híbrido que é agora moda na nossa Liga. De 541 em riste, o Vitória bloqueava um Porto que parecia ter no título da famosa saga arcade da Electronic Arts a solução para os seus problemas. Need for Speed: Hot Pursuit seria o mote para a maior velocidade necessária para não deixar fugir o líder. E se a primeira-parte revelou alguma lentidão (apenas anulada por dois fogachos de Taremi que, ao seu estilo, pressiona até à morte e aparece várias vezes no sítio certo), a entrada depois do reatamento foi, de algum modo, o que o FC Porto precisava para cumprir e seguir em frente.

Notas: Sofascore


Não durou muito, é certo. Mas a maior disponibilidade para condicionar e circular inibiram de alguma maneira um adversário que não esconde alguma intranquilidade (apesar do jogo algo conseguido que acabou por fazer). E à cabeça dessa intranquilidade surgiu Abdul Mumin com alguns devaneios impróprios para quem queria bater o campeão nacional na sua casa. Um deles, aos 49′, acabou por oferecer uma oportunidade de ouro que Marega não desperdiçou. O FC Porto agarrou-se a ela e, até ao fim, teve de lidar com o atrevimento dos minhotos, e mais, com a largura que o seu sistema desenha – algo que criou espaços numa organização defensiva que, desta vez, não recorreu à linha de cinco, nem à de seis. Foi mesmo de 442 que o Porto esperou no seu meio-campo pelo all-in vitoriano, o mesmo que acabaria por oferecer mais ao FC Porto do que ao próprio Vitória (que por falta de definição não conseguia mais do que meter em sentido). Mas do tal atrevimento veio desposicionamento e Toni Martínez, Luis Díaz e Francisco Conceição (por duas vezes) tiveram nos pés as chances para dilatar algo que pode parecer sensaborão mas que saberá a gourmet para quem ganhou 6 pontos ao líder no espaço de 20 dias.

FC Porto-Vitória SC, 1-0 (Marega 49′)

Lance aparentemente controlado por Mumin acabaria por confirmar da pior maneira a intranquilidade e incapacidade do central para lidar de forma eficaz com a pressão portista

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