Leão até ser Campeão

FUTEBOL - Matheus Nunes jogador do Sporting festeja durante o jogo Braga - Sporting, a contar para a 29 jornada da Liga Nos, realizado no Estádio Municipal de Braga. Domingo 27 de abril de 2021. (PEDRO BENAVENTE/ASF ).

Zero derrotas, média próxima de 0,5 golos sofridos por jogo. O Sporting versão 2021 de Rúben Amorim não ficará conhecido pela espetacularidade do seu futebol, mas garantidamente que o grupo leonino entrará directo no coração de todos quanto os que são apaixonados pela essência dos Desportos Coletivos.

Um grupo de bons rapazes, jovens e completamente “underdogs” nestas andanças colocaram Portugal a discutir sobre o “estofo” ou falta deste para guiar o Sporting ao título de Campeão. Enquanto “analistas” discutem méritos de Amorim e do alto das suas varinhas mágicas sugerem jogar o Daniel ou o Nuno para corrigir problemas ofensivos, o Sporting contra todas as previsões corre para o título de Campeão. Sem derrotas, senhores.

Organização, Superação, Disponibilidade Física e Tática, e algum talento individual. Algum. Estes são os condimentos do possível campeão nacional, e enquanto com desdém por fora se refere incessantemente a ausência de mais talento da equipa, ignora-se que estes são os condimentos das verdadeiras equipas. Aquelas que na recta final de cada partida, contra todas as “odds” vão mais longe e triunfam.

O Sporting de Rúben Amorim é uma das mais brilhantes obras do Desporto em Portugal dos últimos muitos anos. Quem não prefere o talento das equipas de Gaitán ou James Rodriguez? Quem não se apaixonou pelos contra ataques que Hulk guiava em direcção a Falcao, ou como Aimar e Saviola descobriam Oscar Cardozo? O Futebol e o Desporto premeiam o talento quando este tem disponibilidade e organização. As grandes equipas – coletivos – não se fazem somente de jogadas bonitas e jogadores talentosos, mas de uma Organização e Inteligência Tática que quando é sempre rigorosa colhe os louros de tal rigor. Mesmo que para o comum dos mortais esses “louros” surjam em forma de “sorte”.

O ano de Coates, verdadeiro capitão, a disponibilidade física de Nuno Mendes e Pedro Porro, a inteligência tática e vigor de João Palhinha, o “ranhoso” Nuno Santos, o talento à solta de Pote e até o regresso a casa de João Mário prometem ficar para sempre na história do Sporting, mas também na do futebol em Portugal. O ano em que os leõezinhos se uniram, foram rigorosos, organizados, partiram de abordagens ao jogo mais condizentes com as suas capacidades do que com a história do clube – Juntos, sem qualquer sobranceria, Organizados a Defender com pouca iniciativa ofensiva, enquanto esperavam pelo momento para matar qualquer adversário.

E para que a história seja ainda mais aprazível, o encurtar da vantagem que faz sonhar o adversário directo, e um jogo absolutamente épico em Braga.

Este Sporting merece muito ser feliz, e Rúben Amorim é o treinador mais barato da história do futebol.

4 Comentários

  1. Méritos obviamente mas que não se turve o repetido surreal da junção dos astros.
    Incrivelmente absurdo o número de jogos em que marcaram a acabar e mesmo nos descontos, isto tudo hiperbolizado pelo pobre que iam criando e jogando.
    Muita mecânica, pouca dinâmica autoritária. Esperar, esperar até ao erro. Maior dificuldade óbvia para furar blocos fechados.
    Tudo legítimo mas haja noção de que isto entra para uma dimensão de Twilight Zone.

    Acontece às vezes, mas aqui há muito mesmo que não tem explicação.

    • Claro, e a teoria dos astros, o facto de ser a melhor defesa do campeonato e durante muito tempo ter sido tambem o melhor ataque foi juncao dos astros. Caminhar para provavelmente uma pontuacao record tambem e alinhamento dos astros.

      Explicacao so existe quando e o Porto ou o Benfica a ganhar. Maior cego e o que nao quer ver. O Sporting este ano e o justo vencedor deste campeonato, com ou sem covid, com ou sem alinhamento dos astros. Alinhamento dos astros tem havido para o Porto so ontem ter quebrado, por exemplo.

    • Estou há três dias e duas noites a pensar neste texto e continuo com uma diarrumba terrível. Que merda. Argumentos patéticos do género os “analistas” isto e aquilo. Mas vocês aqui são o quê então, não são analistas também? Qual a diferença entre esta porcaria e o que tanto criticam? Ainda por cima aparece aqui um gajo qualquer num tom paternalista-foleiro, quer dizer, o autor, um perfeito desconhecido sob qualquer perspectiva, considera-se no direito de ser muito melhor do que os outros “analistas” com aspas não se percebe bem porquê, porque a bola entrou na baliza ou bateu no ferro? Desculpe, pensava que andávamos aqui com outros objectivos, já não somos criancinhas para medir tamanhos de pilas e tal. Agora, que o Sporting do RA joga um futebol miserável e retranqueiro (seria uma boa altura para conversar sobre o vosso rei – pífio – Mourinho mas nah, isto não pode ser, os “analistas” que se matem) isto é para mim, dizia, uma evidência do tamanho do mundo. Que aliás se confirma dia após dia. No entanto, admito que não seja uma opinião consensual e que cada um aprecia o que lhe apetecer. Desde logo os adeptos do SCP devem ficar chateadíssimos e compreendo porquê, sinceramente, mas é para o lado que durmo melhor. Se o autor considera que isto é suficiente para achincalhar quem tem outra visão do cosmos, então está no sítio errado, na hora errada. E pode estrebuchar como quiser com os argumentos da treta, da ausência de derrotas, dos poucos golos sofridos e bla bla bla, que estas dicas amanhã podem não servir para nada. Pelo que se vê em campo é o mais provável, mas enfim, confesso que sim, que é um bocado empata-fodas dizer isto agora. Depois ainda gostam de se contradizer a toda a hora: então para o LE o SPC tem o melhor redes, o melhor meio-campo (Palinha e João Mário) e o melhor avançado (Paulinho) no entanto continuamos sempre no choradinho dos rapazes jovens e desconhecidos, se calhar daqui a dez anos ainda vamos repetir as mesmas ideias feitas. Já agora, seria interessante perceber o baixo rendimento do Paulinho, que anda por ali bem desenquadrado. Pois é que no Braga ele era solicitado e envolvido de todas as formas e feitios, de forma apoiada e bem trabalhada. Enquanto no SCP por enquanto tem apenas um torcicolo. C’est la vie.

  2. A felicitação não deve trazer deslumbramento: o Sporting merece ser campeão, devemos sublinhar as exibições de Coates (e de Matheus Nunes, que nos jogos decisivos supera-se!), mas fica-se com a sensação que a equipa estagnou, sobretudo a atacar, e esta é a evolução possível para já. Rúben Amorim precisará de algumas derrotas e alterações tácticas para perceber como evoluir, porque este modelo parece não oferecer muitas mais rotas para se atacar melhor. João Mário está longe, muito longe de ser o que lhe foi atribuído, e até Paulinho parece jogar menos do que em Braga: tudo variáveis que o adepto apaixonado merece esquecer e celebrar um ansiado título.

    Já o Braga carece de alguma autocrítica: tirou-se o Gaitán e tirou-se a melhor forma de pensar o ataque posicional; Galeno é um projecto de bigode e dentes bonitos, sem acrescentar nada. Adorava ter visto o jogo com 11 contra 11!

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