That’s bananas!

Para quem não está familiarizado com a expressão, that’s bananas serve para descrever uma situação ridícula, assim para o amalucado. No entanto, em relação ao PSG-City desta quarta-feira, o eufemismo esvai-se até chegar à metáfora da curvatura da banana para descrever os golos que dão vantagem ao Man City nesta 1.ª mão das meias-finais da Liga dos Campeões. Mas para chegarmos aí temos também de contar a história de uma primeira metade onde o plano de Pep Guardiola falhou redondamente e onde o de Pochetino foi abrilhantado pelas estrelas da companhia (Neymar e Mbappé) e por alguns figurantes, com o marcador do golo parisiense à cabeça. Foi a fugir de uma marcação ao homem – desenhada por Guardiola à frente da zona que protege a baliza nos pontapés-de-canto defensivos – que Marquinhos deu Luz a uma cidade ansiosa por celebrar a sua primeira conquista na Champions. E o futebol dos 45 minutos iniciais deu uma vibe bem forte poder abraçar a orelhuda no final de maio. Algo que aconteceu, sabemos agora, porque a preocupação com as transições do PSG e uma falta de acerto com bola, não permitiram o controle que Pep anteveu quando desenhou um onze sem um ponta-de-lança (Agüero e Jesus ficaram no banco) e sem um extremo que vai na profundidade (Sterling fez companhia aos dois avançados na trincheira). Porém, na 2ª parte tudo mudaria…



Foi então notória a preocupação inicial de Pep com o controle do jogo com bola ao juntar Foden, Bernardo Silva, Mahrez e De Bruyne na frente de ataque. A ideia seriam as circulações longas que permitissem aquele domínio imperial de jogo que tanto o catalão idealiza, mas a ideia saiu (inicialmente) furada por várias razões. O ímpeto parisiense foi uma delas, até porque não é normal que o City (ainda para mais com todos os seus elementos de posse no relvado) fosse acumulando tantas perdas. Algo que reduzia as circulações dos cityzens a lampejos pouco suficientes para controlar um adversário deste calibre. Assim, um PSG que tinha menos bola, conseguia usar melhor a percentagem para colocar Ederson em sentido e fazer duvidar os de Manchester. Outra razão para que o carrossel habitual não funcionasse terá que ver, directamente, com o facto de quer Walker, quer Cancelo não terem a mínima liberdade para subir. E tão desconfortáveis no jogo, e com o PSG em crescendo e muito mais perigoso, as perdas acumulavam-se, o jogo dos virtuais novos campeões ingleses não assentava, faltando a tal circulação longa que almejava prender o PSG ao seu último terço, e dar o timing para as necessárias chegadas à área que equilibrariam a falta de peso na área que o onze inicial fazia antever.

Marquinhos bateu a marcação de Gundogan e chegou-se à zona sem que a mesma lhe pudesse responder com eficácia. O detalhe de um golo de bola parada dar a justiça que a primeira parte fazia pedir, dado o maior pendor dos franceses


Não faltaria por isso, ao intervalo, quem pedisse cabeças e… cérebro. Ou dito de outra maneira, substituições e mudança de estratégia. Contudo, Pep surpreendeu e manteve os mesmos onze para uma 2.ª parte que deu uma demonstração infalível da valia das suas ideias. O City esticou-se finalmente no terreno, foi menos ansioso a procurar o passe vertical e, fazendo uso das subidas de Cancelo (que aí sim, finalmente apareceu a fazer o que melhor sabe) e da tal reação à perda a que estamos habituados, o City, dizia, bloquou quase por completo o PSG. E dizemos quase porque… bem, quem tem Neymar, Di Maria (Mamma mia!) e Mbappé pode sempre encontrar o caminho para o golo. Mas a distância entre as duas linhas de quatro (da qual o argentino ex-Benfica fazia parte) e Kylian e Ney foi ficando cada vez maior, à medida que o City tocava, tocava e desta vez… não perdia. Era este o plano de Pep para o jogo, num desporto onde não há ciências infalíveis e onde toda a gente parece procurar panaceias. Na 1.ª saiu furado, e na 2.ª com alguns ajustes conseguiu chegar ao controle que idealiza e, não nos esqueçamos, ao mais importante: os golos – que desta feita saíram dos pés de Kevin de Bruyne e de Mahrez (homem do jogo) desenhando algo que fez Navas escorregar por duas vezes.

1 Comentário

  1. gostei da análise, mas acho que a influência maior do PSG na primeira parte também foi influenciado pelas falhas do City. Se aquela bola de “penalti” do Foden, por exemplo, tem entrado como seria normal, o jogo teriam mudado logo ali… porque enquanto esteve a ganhar, o PSG estava tranquilo num registo de jogo mais de transição ofensiva, onde tem jogadores que… bom, que podem fazer tudo o que pensam, porque são de uma qualidade inacreditável.

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