Nulo com cheiro a título – Organização defensiva colchonera em Camp Nou

No jogo do título que colocou o Barcelona e o Atlético de Madrid a medir forças para perceber quem poderia sair para as últimas três jornadas com o título na mão (cenário esse que incluía ainda o resultado do Real Madrid no dia seguinte, que se revelou um empate frente ao Sevilha), os colchoneros conseguiram segurar um empate no Camp Nou que lhes permite sair na frente como líderes isolados e com uma mão no título que foge desde 2014. Uma das chaves do plano de jogo de Simeone esteve, mais uma vez, numa organização defensiva que poucas oportunidades concedeu ao Barça demonstrando que, apesar de alguma irregularidade em certos momentos da temporada, o modelo de El Cholo continua a ser um dos mais completos em fase defensiva nos seus variados momentos. É dessa mesma fase de jogo que tirámos algumas notas e que analisamos de seguida.

“Viemos fazer um jogo seguro, com trabalho coletivo e o jogo que imaginámos aconteceu. A equipa trabalhou bem, não se precipitou a atacar rápido, atacou sustentando o seu jogo a partir da recuperação da bola, no contra-ataque.”

Diego Simeone, pós-jogo

Escolher o momento, pressionar de acordo

A estrutura base do modelo em organização defensiva foi um 1-5-3-2, sendo que em relação aos subprincípios, temos:

  • A maior parte do tempo adotou uma zona mais expectante em bloco médio. Uma primeira fase de pressão com avançados apenas a condicionar de forma passiva a saída dos centrais num primeiro momento, sendo que o encurtamento de pressão sobre o central exterior portador da saída a 3 do Barcelona era feita pelo médio-interior do lado da bola, com consequente reajuste do meio-campo com médio-centro a efetuar cobertura próxima (devido aos movimentos de apoio nas costas da pressão pelos médios do Barça) e interior do lado contrário a baixar em equilíbrio (meio-campo em 1+2). O controlo da largura em jogo de corredor é feito pela linha defensiva, com os alas a encurtar nos alas contrários e a linha a ajustar em 1+4 realizando basculação horizontal ao corredor.
  • Aplicação de variante de uma zona muito pressionante com algumas referências individuais em bloco alto, em que os dois avançados pressionavam o central exterior do lado da bola e o central “do meio”, com o encurtamento sobre o ala a ser feito pelo médio-interior do lado da bola e os dois médios a chegarem sobre os médios de suporte do Barcelona, sendo uma variante adotada em situações de identificação de uma posse menos segura (por erro técnico, lentidão de circulação ou construção demasiado baixa por parte do adversário) com objetivo de abafar e recuperar o mais alto possível, com deslocação de muitos jogadores à zona da bola provocando situações superioridade posicional e por vezes numérica.
  • Uma vez que os médios eram tantas vezes chamados aos primeiros momentos de pressão (com particular enfoque ao médio-centro que fazia coberturas muito próximas, estando muito pouco posicional à frente da defesa), o controlo do espaço entre linha média e linha defensiva era realizado pelos centrais que rapidamente respondiam à mobilidade dos elementos da frente com encurtamentos e marcações bem próximas, desdobrando a linha defensiva em 1+4, com particular responsabilidade do quarteto em estar pronto para realizar controlo da profundidade com orientação dos apoios para baixar em basculação vertical em caso de enquadramento do portador.

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Sobre Juan Román Riquelme 97 artigos
Analista de performance em contexto de formação e de seniores. Fanático pela sinergia: análise - treino - jogo. Contacto: riquelme.lateralesquerdo@gmail.com

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