Entrada dos alas na área – Tendências da EURO 2020

Em um futebol cada vez mais veloz, de grande intensidade (física e táctica), naturalmente, as tendências são marcadas pelos comportamentos que caracterizam êxito nas ações, principalmente pela forma como as interações entre os jogadores tornam o jogo mais atraente e competitivo, e obviamente marcadas pelas equipas vencedoras. Segundo o dicionário, a definição da palavra tendência significa:

  1. Aquilo que leva alguém a seguir um determinado caminho ou a agir de certa forma; predisposição, propensão;
  2. Evolução de algo num dado sentido; orientação.

Levando em conta a estrutura táctica inicial, das 24 equipas da competição, a utilização de três centrais se marcou presente em 16 delas em algum momento do torneio Europeu de Seleções. Naturalmente, através de sub-dinâmicas de “saídas de 3”, com a entrada de um dos médios ou fixação de um dos laterais na base, a estrutura com três defesas também se fez presente em equipas que iniciavam com linhas de 4. Porém, a reflexão advém do plano inicial aliado à estratégia jogo a jogo para a utilização dos 3 centrais, junto à forte presença dos alas no momento ofensivo, sendo mais um elemento a entrar em zonas de finalização e aproveitar desequilíbrios nas equipas adversárias, principalmente em espaços entre lateral e central, e espaço no lado contrário.

Além de favorecer a utilização de amplitude máxima com os alas (mesmo que em algumas equipas exista trocas com os extremos) e criar dificuldades no balanço defensivo adversário (atrair/fixar jogadores), existe uma maior facilidade na saída da pressão para buscar o lado contrário e dar continuidade às ações ofensivas, concentrando também mais jogadores no campo adversário, e assim, tendo a possibilidade de entrar com mais jogadores na área, principalmente com elementos supresa (em alguns momentos, em simultâneo) que vêm lançados como homens livres. Além disto, quanto ao equilíbrio defensivo para reagir após a perda, o posicionamento dos médios e centrais em vigilância é fundamental, visto a campeã Itália, que teve grande eficiência ao longo da competição.

Esta tendência, que já vem sendo marcada nas últimas grandes ligas europeias por equipas como o Leipzig de Julian Nagelsmann (hoje no Bayern), Atalanta de Gasperini, dos finalistas da Champions League, Manchester City e Chelsea, de Guardiola e Tuchel, respectivamente, além do campeão nacional português Sporting, de Rúben Amorim. No Brasil, o Palmeiras do mister Abel Ferreira, campeão da Libertadores e Copa do Brasil (líder do Brasileirão 2021 até então), e Hernán Crespo, campeão paulista pelo São Paulo, entre outros, são exemplos de equipas na mesma linha.

Dos 142 gols ao longo das 51 partidas da competição, 20 tiveram participação direta dos alas em situação de entrada na área (invasão com bola e/ou movimento de ataque aos espaços), contando apenas ações de bola rolando, o que representa um percentual de 14% do total de gols. Destes, foram 11 gols assinalados, e 7 assistências. Situações de bolas paradas (além de situações de pênaltis sofridos), e cruzamentos com chegada no último terço não foram consideradas, o que poderiam aumentar ainda mais esta quantidade. Uma dinâmica ofensiva que tem se mostrado marcante na criação de situações de finalização nas equipas de nível TOP, sendo mais uma das várias que os treinadores podem aplicar.

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