A mutação da construção do Sporting

Já é habitual na construção do Sporting a função “híbrida” que Matheus Nunes desempenha. A sua disponibilidade física excepcional e capacidade para ligar o jogo em passe e principalmente em condução, permite que se movimente na construção, na criação e no corredor lateral. Muitas vezes, especialmente contra linhas defensivas de 5 e/ou pressão dos extremos à linha de 3 leonina, o médio monta em corredor lateral para bater a pressão adversária e ter espaço de progressão/ligação – por exemplo o golo contra o Sporting de Braga advém desse posicionamento.

No jogo da meia-final da Taça da Liga contra o Santa Clara, o Sporting, partindo do seu habitual 3+2 na construção, desdobrou-se para um 2+3 com Ugarte (na função de Matheus Nunes) e Matheus Reis (outro jogador que Ruben Amorim quer que tenha espaço para ligar e até envolver) mais sobre os corredores laterais e Palhinha no corredor central. O objetivo era simples, oferecer aos 2 jogadores de fora contextos favoráveis para ligar em passe ou condução e posteriormente envolver. Ou seja, depois da entrada da bola em criação, Ugarte tinha permissão para envolver na direita e Matheus Reis na esquerda. Com estes posicionamentos e após a bola entrar nos jogadores da frente, o Sporting garante também boas linhas de passe em cobertura e uma boa preparação da perda, com 3 jogadores numa primeira linha de equilíbrio e 2 centrais na 2ª linha.

No entanto, apesar da ideia prometedora, há ainda espaço para melhorar. Muitas são as vezes que estes posicionamentos não geram vantagem posicional – estar numa posição que elimine jogadores – e que são feitos fora de timings que lhes permita criar essa mesma vantagem. Também os centrais se com espaço progredirem e fixarem, criam mais tempo e espaço para quem vai receber e tem como objetivo procurar a ligação do jogo ofensivo. Algo que também parece poder ser melhorado é o posicionamento em largura do médio que monta. Se este optar por se colocar demasiado perto da linha lateral perde opções de passe exterior, algo que será limitador ao nível da ligação. Posicionar-se mais dentro garantirá que continua com todas as opções de passe vivas e dificultará a orientação da pressão.

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