Este Benfica não sabe como reagir à perda da bola!

Não é novidade que as equipas que sabem sair em transição com qualidade têm conseguido colocar imensos problemas ao Benfica. Se atendermos ao passado recente, o Benfica já testou um meio campo a dois e a três e o problema manteve-se. Isto tem que ver com vários aspectos táticos mas um que transita de jogo para jogo e que o coletivo ainda não assimilou… é a reação à perda da bola.

O Benfica já havia sentido esta dificuldade com o Boavista para a Taça da Liga, com Sporting, com o Gil Vicente e voltou a sentir novamente nesta sexta-feira com o… Boavista de Petit.

Enquanto a equipa tem frescura física, a reação é mais eficaz não porque é coordenada e/ou organizada com critério, mas sim porque ainda existe entrega e garra que proporcionam correrias desenfreadas atrás do adversário que conduz a bola. Porém, a repetição deste tipo de lances leva à exaustão muito mais rápido que o normal e é normal vermos Paulo Bernardo, João Mário e Taarabt completamente esgotados quando ainda faltam 30 minutos para o fim da partida. Já no que toca a Weigl a sensação que dá é que chega sempre atrasado tal é o raio de ação que tem de assumir.

Na segunda parte do jogo desta jornada, o Boavista sabendo dessa dificuldade começou a fazer uma pressão mais assertiva na esperança de obter a posse e apanhar o Benfica com a equipa partida e setores desligados e no fundo conseguiu fazer jus ao plano do seu treinador.

Após o intervalo, várias foram as vezes que o Benfica tentava criar no ataque mas o corredor central ficava despovoado deixando Weigl e sector defensivo muito longe da zona de onde a bola era perdida. O alemão tentou por várias vezes chegar à frente para encostar no jogador do Boavista que iria iniciar a transição mas chegava sempre atrasado.

É como se a equipa do Benfica não tenha preparado este momento do jogo: A reação à perda da bola. Quando se encontra em momento ofensivo, é comum haver vários jogadores a atacar o último terço e para trás fica Weigl, Otamendi e Vertoghen que além de ficarem muito longe para intercederem uma possível saída rápida dos adversários, eles próprios não têm fisicamente poderio no que toca a velocidade nem para reagir, nem posteriormente para acompanhar.

A ideia que fica é que o plantel está totalmente construído para um sistema de 5x3x2 ou 3x4x3 em que é dada maior proteção ao setor defensivo e que neste momento, numa defesa a quatro, com laterais projetados e dois médios no centro do terreno, o Benfica esteja constantemente com setores “destapados”.

Sobre EdgarDavids 61 artigos
Analista de Desempenho Coletivo e Individual & Técnico de Exercício Físico.

2 Comentários

  1. Lembro-me de um video da equipa B do Benfica em que mostravam o compromisso defensivo da equipa na altura treinada pelo Verissimo e todos corriam para tras aos 90min a jogar contra 10.
    Então porque razão o mesmo não acontece na equipa principal? Jogadores “vedetas”, com pouco compromisso, falta de treino defensivo (que não entendo como isso pode acontecer numa equipa como o Benfica e visto por todos que é o ponto mais fraco da equipa, seja organização ou transição), ou as características dos jogadores (pelo facto de serem mais ofensivos que defensivos)?
    Outro aspeto que não consigo compreender, é como é que os jogadores perdem a energia toda aos 60min!! É inadmissível para profissionais que ganham milhões, e que querem jogar numa equipa como o Benfica.

    Gostava muito de saber como é que vão dar a volta no Benfica.

  2. Não é novidade que o JJ adoptou o 352, 532 ou 343 para proteger o meio campo e a linha defensiva e tirar o melhor de Rafa.

    Verdade é que foi resultando até certo ponto. No geral os planteis dos outros grandes são mais equilibrados e mais fortes na zona do meio campo, quer fisicamente, desde disponibilidade, força velocidade, agressividade na bola,quer tacticamente.

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