Problema Central no Benfica

Portiminense's Lulien DaCosta (R) in action against Benfica's Gilberto (L) during the Portuguese First League soccer match, Portimonense vs Benfica, held at Portimao stadium in Portimao, Portugal, 05 March 2022. LUIS FORRA/LUSA

O Benfica visitou o Portimonense e voltou a ganhar sem antes passar por momentos de aflição. O Portimonense adiantou-se no jogo através de um lance que já não é novo para a defesa encarnada. Sempre que existe uma perda de bola com o Benfica em organização ofensiva, a equipa fica algo descoordenada e desligada ficando impossibilitada de reagir a uma perda que resulte numa transição ofensiva rápida por parte do adversário.

Ontem, foi mais um exemplo dessa dificuldade.

No golo do Portimonense, Adel Taarabt fez aquilo já lhe é reconhecido, um passe de risco que expõe a equipa a uma dificuldade que não esperava. O marroquino faz este tipo de coisas ao mesmo tempo que depois inventa uma jogada que acaba no empate. Com Adel em campo, o imprevisto pode sempre acontecer para o bem e para o mal. No entanto, sabendo disto, a equipa mesmo assim não tem por hábito ter uma cobertura ofensiva que permita reagir a uma perda num momento de ligação.

Depois, outra dificuldade numa zona central mas desta vez… na defesa. Otamendi e Vertoghen são centrais de renome internacional, com qualidade, com belas carreiras e titulares nas seleções dos seus países. Contudo, por vezes mostram dificuldade de coordenação entre as ações/decisões de ambos. O golo do Portimonense expõe esse facto, assim como o golo do Gil Vicente na Luz já o tinha exposto.

Por norma, Vertoghen demora a baixar e a fechar o espaço entre centrais e por sua vez Otamendi perante uma bola descoberta baixa vertiginosamente para retirar profundidade a uma rutura adversária. Esta descoordenação num momento de transição defensiva acaba por criar dúvidas e indecisões na forma como a equipa reage. Em ambos os golos referidos acima, Otamendi muda os apoios ainda muito longe da baliza deixando de retirar profundidade, abrindo ainda mais espaço entre centrais e excluindo-se a si mesmo do lance porque uma mudança de apoios não só o fixa, como abre espaço nas costas deixando o central argentino impossibilitado de apanhar um jogador adversário em corrida.

No antigo sistema de Jorge Jesus, com 3 defesas centrais, este problema passava mais disfarçado até porque com Lucas Veríssimo em campo, Otamendi (jogava ao centro) raramente passava por esta situação sendo que era o central brasileiro, por ser o mais rápido, que jogava sobre a direita. Contudo, numa defesa com apenas 2 centrais e que não são rápidos, torna-se imperial que a coordenação entre ambos seja perfeita para que não existam ações distintas e consequentemente espaços a explorar.

É um problema identificado e que se tem repetido de forma até recorrente ao longo da temporada. E que, será certo que Nélson Veríssimo irá procurar corrigir.

Sobre EdgarDavids 61 artigos
Analista de Desempenho Coletivo e Individual & Técnico de Exercício Físico.

1 Comentário

  1. Respeito a análise tal como outras publicadas, pois sigo frequentemente o “lateralesquerdo”. Otamendi e Vertonghen são dois belos centrais, mas é só ver com quem jogam ao lado nas suas seleções, ou com quem jogaram, para se chegar a uma conclusão : SÃO LENTOS. O Benfica deve ter os centrais titulares mais lentos da Europa.

    Nos dois exemplos apresentados, eu, que nos meus tempos de chuto na chicha andava por ali no centro da defesa a tentar defender, actuaria da seguinte forma : temporizava no lance do golo do Gil, Otamendi, obrigando o jogador a refedinir a jogada ao mesmo tempo em que chegaria o meu apoio, ou no caso do Vertonghen nunca iria já feito a oferecer o drible ao adversário, ganharia posição pois havi atempo para isso, de frente para o jogador, apoios laterais mal definidos.

    No golo do portomonense ainda seria de mais fácil resolução . dois centrais, um avançado !!! Um central marcava o avançado em cima, outro na dobra e não o deixava receber bola. Estando marcado, a bola não lhe era endossada e o meio campo recuperava.

    Mas isso era eu…que era um cepo.

    Já agora, gostava de saber qual a opinião do “lateralesquerdo” sobre uma possível dupla de centrais LUCAS VERISSIMO / DAVID CARMO . Ouvi no “11” a análise que fez do ainda jogador do Braga, confesso que gostava de o ver no Benfica, ou mesmo qual a possibilidade de David Carmo jogar na posição “6”.

    Abraço.

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