Um Lyon de duas caras

De regresso à Liga Francesa, o Lyon voltou a escorregar. E quem viu este Lyon-Rennes – que antecede a visita do FC Porto ao stade de Gerland – viu o Lyon que se esperaria no Dragão. Equipa de altos e baixos onde a qualidade individual não consegue, muitas vezes, disfarçar os inúmeros erros não-forçados que a equipa concede. E contra o Rennes, convém dizê-lo, também a astúcia táctica de Peter Bosz não foi tão eficaz como se havia visto no Dragão. Há então, sem qualquer dúvida, um Lyon de duas caras. Aquele de Liga Europa que tão competitivo e dominador se apresentou na Invicta e há aquele Lyon das escorregadelas, da saída-de-bola oferecida, da bola que bate no defensor e entra e, também, do defensor que deixa a bola para perseguir outro adversário e vê o portador da bola… marcar! Tudo isto se passou no Lyon-Rennes onde os forasteiros entraram na partida a dominar beneficiando de uma atitude expectante dos de Peter Bosz. Algo muito parecido com o que se viu na passada quinta-feira mas com o Lyon a fazer de FC Porto e o Rennes a fazer de… Lyon.

Na segunda mão o Lyon ficará sem a vantagem de ter mais 48 horas de descanso em relação ao FC Porto. Peter Bosz apostou no mesmo onze que bateu os dragões na passada quinta-feira, só que desta vez a performance foi em tudo inferior.
Lyon mais longe da bola do que no Dragão. Bloco mais recuado mas sobretudo mais expectante nunca condicionou o Rennes. Muito tempo em organização defensiva, mais tempo para o Rennes explorar erros não-forçados.



Um domínio que surpreendeu quem já havia ficado admirado pela capacidade atlética de um Lyon que meteu a pata em cima do jogo do Dragão mas que, neste fim-de-semana, ficou a ver jogar o Rennes por largos minutos. Mas se isso ainda não era garante de vitória para os de Bruno Génésio – ou de bom resultado sequer – os de Lyon encarregaram-se de mostrar a sua pior faceta (para portista ver). Tal como no 0-1 onde uma bola longa a partir do guarda-redes deixou Thiago Mendes exposto. E ao falhar (redondamente) a primeira bola o brasileiro deixou aberto o caminho por onde o Rennes haveria de marcar. E se recuarmos à derrota dos les gones contra o campeão Lille também encontraremos deslizes semelhantes. Isto para dizer que erros não-forçados são coisa habitual numa competição doméstica marcada por instabilidade e deslizes, explicada em muito por esses tais deslizes.

Ao falhar a primeira bola e ao ficar fora do lance, Thiago Mendes deixou uma clareira e hipótese de superioridade numérica para o Rennes. Desse espaço nasceu o primeiro golo do jogo.



Mas como nem tudo é culpa própria, o segundo golo do Rennes haveria de provar aquele cliché tão futebolístico que envolve situações difíceis e aves (quando estamos mal até os pássaros nos c… em cima). Pontapé-de-canto para o Rennes, primeira bola (desta vez) ganha e recarga com ressalto a fugir para a baliza de Antony Lopes. E falando no guardião português do Lyon, também ele haveria de ter uma tarde para esquecer. Em nova jogada atabalhoada dos da casa (onde ao tentar agarrar a bola deixou-a fugir agarrando-a só já no limite da baliza) e também no terceiro golo forasteiro – onde um passe curto numa saída-de-bola ofereceu o 0-3 aos de Bruno Génésio. Este é o tal Lyon que não consegue superar erros individuais com talento a rodos ou pressão energética, assim como uma excelente organização ofensiva. Este é o Lyon que entra em espiral negativa, explicada também pelo quarto golo do Rennes – onde o portador da bola foi deixado à vontade para disparar. Isto num dia em que elas, para o Rennes, entravam todas. E como será para o FC Porto? Convirá não levar isto a sério e esperar o melhor Lyon – aquele que sabe que a Liga Europa é fundamental nas contas da época, ao contrário das de uma liga onde não ata nem desata (o que talvez explique um desligar competitivo que nunca se viu no jogo com o FC Porto).

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