Portugal começou bem, sofreu e… venceu!

Octavio Passos/Getty
Octavio Passos/Getty

A nossa Seleção Nacional jogou de forma personalizada e conseguiu vencer uma Turquia que ainda chegou a criar problemas. Com muitas ausências nos disponíveis para os play-offs do apuramento para o Mundial do Catar, Fernando Santos optou por colocar em campo uma equipa à imagem do adversário mas ao mesmo tempo com capacidade para criar problemas em rasgos individuais.

Em jogos a eliminar, Fernando Santos já mostrou ter a frieza de não se importar de fazer um jogo menos vistoso mas que garanta a passagem. Porém, desta vez, o selecionador nacional acabou por colocar em campo uma equipa virtuosa do ponto de vista técnico e bem recheada de capacidade individual para criar problemas a uma defesa turca que chegou até aqui sendo a segunda pior defesa do seu grupo (só atrás de Gibraltar).

Portugal que dava entender ir entrar num 4x4x2 claro, com Diogo Jota e Cristiano Ronaldo na frente, assumiu no entanto no seu momento de construção um 4x3x3 que colocava no meio João Moutinho, Bernardo Silva e Bruno Fernandes que tinham a responsabilidade de levar a bola até Diogo Jota a vir da esquerda para dentro, Cristiano Ronaldo como ponta de lança e Otávio que assumiu o corredor direito e teve um papel idêntico ao que faz naquele estádio mas ao serviço do seu FCPorto, no condicionar a saída adversária e nas ajudas ao meio campo.

No momento defensivo Portugal tentou condicionar a saída dos três centrais turcos fazendo uma pressão alta que os impossibilitasse de sair como queriam. Nas costas de Otávio, Ronaldo e Jota, apareciam Bruno Fernandes, Bernardo Silva e Moutinho a encostar em referências individuais que tentavam ir receber a bola à primeira fase de construção da Turquia. A seleção de Kuntz ainda tentou alterar a sua fórmula de construção para uma saída a quatro o que fez com que Portugal se voltasse a adaptar ao adversário.

Após o golo inaugural, Portugal ainda manteve por momentos a sua intensidade de pressão mas com o passar do tempo e com o subir do bloco da Turquia à procura de reagir à desvantagem, a nossa seleção também se foi encolhendo e com isso até ao segundo golo teve alguns momentos em que pareceu perder o controlo do jogo. Várias situações onde a pressão alta passou a média alta e que de 4x3x3, passou a 4x5x1.

O clip acima poderia ser reflexo também daquilo que foi a segunda parte de Portugal. Muito sofrimento e algum desnorte. Como se a ideia inicial de Fernando Santos de dar total liberdade posicional aos criativos (Bruno, Bernardo, Jota e até Otávio) se tivesse a virar contra si mesmo no momento de defender o resultado perante uma maior agressividade tática da Turquia.

Uma segunda parte onde os turcos vieram para o tudo ou nada e que provocou na Seleção Nacional muitas pressões ineficazes por serem individuais e espontâneas em vez de coordenadas coletivamente. Também muitas linhas defensivas erráticas e rapidamente o jogo voltou a virar a favor da Turquia. Portugal só depois das entradas de João Félix que voltou a mexer com o ataque e com William e Matheus a dar outro vigor defensivo é que Portugal conseguiu estabilizar.

Sobre EdgarDavids 61 artigos
Analista de Desempenho Coletivo e Individual & Técnico de Exercício Físico.

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