La Scaloneta, a essência do futebol sul-americano

De acordo com Luis Enrique, treinador da seleção espanhola “Se você me perguntar se vejo um time acima do resto, acho que a Argentina. Também o Brasil. Se eu não falar, os jornalistas pulariam em mim. Eles estão muito acima do resto.” Estas palavras, além dos resultados até aqui, demonstram a evolução da seleção da Argentina, que depois de 28 anos conquistou o seu primeiro título, a Copa América, logo em seguida, ganhou a finalíssima frente a Itália. Não é por menos que os adeptos argentinos apelidaram/deram a alcunha a seleção nacional de “La Scaloneta”, referência ao treinador Lionel Scaloni que dirige a Argentina desde o final de 2018.

Contudo, quem é Lionel Scaloni? Ex-jogador de futebol, que após reformar/aposentar decidiu seguir no mundo do futebol, mas dessa vez passando de treinador do Sub-20 da seleção Argentina para adjunto de Sampaoli no Mundial de 2018. Após isso, assumiu o comando da seleção Argentina, mesmo com todas as desconfianças devido a pouca experiência e em meio ao caos instaurado após os péssimos resultados e conflitos internos. Scaloni conseguiu potencializar a seleção individualmente, de uma forma que pudesse escalar os melhores jogadores juntos e em suas posições adequadas, refletindo na melhora do todo, o coletivo. Com ele, Messi virou uma referência, Di Maria passou a ter um maior destaque na seleção e Lautaro a esperança de um futuro; sem levar em conta os novos jogadores que já possuem espaço na Albiceleste, como Álvarez, De Paul, entre outros.

Com isso, como joga La Scaloneta, atual campeão da finalíssima e uma das favoritas a Copa de 2022 no Qatar?

Em relação ao ataque, a equipe se posta em um 4-3-3, com diversas trocas de posições, principalmente os três jogadores da frente e o Guido Rodriguez (MC), ora Messi compõe a 2º linha, fruto das desmarcações de apoio, ora sendo a referência à frente; Laurato alterna entre as alas e o centro (como 9) e Di Maria estando presente em ambas as alas, dando destaque a ala direita; por fim, Guito Rodruguez (MC) por vezes compõe a segunda linha, movimentando entre os defesas (entre os centrais ou centrais-laterais) para garantir linhas de passes. Todavia, apesar desta dinâmica, sempre que possível, deve-se manter a ocupação racional do espaço, o 4-3-3, para que, possam manter a estrutura que proporciona linhas de passes em formatos de triângulo por todo o campo, podendo assim usufruir da busca pelo 3º homem mais facilmente, o que é muito utilizado para progredir no terreno de jogo – 3º homem + libertar nas alas -. A Argentina possui preferência em progredir pelas laterais do campo (tendo grande ligação entre os laterais-extremo ou médios-extremos), sendo os extremos muitas vezes acionados, seja por meio de passes curtos e jogadas trabalhadas para permitir jogadas qualitativas ou por bolas longas em profundidade nas costas dos laterais adversários (sendo Di Maria o motor da equipe). A ação do Messi de baixar até o meio-campo e realizar trocas de passes curtas entre os médios libertando no corredor lateral também é usual. Não se pode esquecer do perigo da seleção Argentina em receber bola entrelinhas, sendo o local preferido para um dos melhores jogadores da história, neste local, é onde a mágia acontece, seja por meio de combinações – toca, passa e recebe; triângulações – ou fintas. Na última etapa, tende a preencher a área com ao menos 2 jogadores. Na transição ofensiva procuram na maioria das vezes entrar em ataque em posicional, contudo, se tiverem espaço aceleram para a baliza.

Em relação a fase defensiva, é uma equipe que defende no 4-4-2, em zona pressionante. Na maioria das vezes dão preferência para que o adversário venha até a sua zona ou erre (principalmente quando estão postado em marcação média-alta) para pressioná-los, direcionando-os para fora. Nota-se que, os extremos sempre que os laterais adversários jogam baixo, tendem a tapar a linha de passe do lateral mais próxima da bola (formando um 4-3-3), no mesmo momento o lateral do mesmo lado salta no extremo adversário para fechar a linha de passe. Caso contrário, o lateral adversário jogue alto – compondo a 2º ou 3º linha ofensiva -, o extremo tende a descer para compor a 1º ou 2º linha defensiva, formando um 4-3-3 ou 5-3-2, para que a linha de 4 (1º linha) se mantenha equilibrada e com pouca descompactação horizontal. Vale ressaltar que, a garra, vontade e agressividade sobre a bola está presente nesta equipe, quebrando linhas para pressionar fortemente o adversário quando este é uma linha de passe/está com a bola ou para recuperá-la de imediato quando perdem a posse.

Seja o primeiro a comentar

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado.


*