Po(s)te(s)

O Atalanta-Sporting foi um jogo onde a palavra poste acaba por ficar intimamente ligada ao desfecho. Não só porque Gyokeres foi um excelente poste, segurando a defesa da Atalanta e permitindo ao Sporting aquilo que as suas saídas-de-bola mais apoiadas não estavam a conseguir dar, mas também porque, no seu melhor período, os leões ficaram a centímetros do segundo golo, após um remate de Pote esbarrar… nos dois postes. Uma partida de desfecho incerto onde as análises encontrarão argumentos a favor dos italianos, ou dos portugueses. No geral, o Sporting apresentou-se a um melhor nível do que em Alvalade, mas não evitou as dificuldades normais de jogar contra uma equipa que encurta o campo de forma extremamente organizada e intensa. Um manto protector de Gasperini que, ao cobrir bolas atrás de bolas, colocou extremas dificuldades aos leões para se estabelecerem no meio-campo ofensivo e a partir daí criarem oportunidades e refrearem os ânimos dos de Bergamo.



Uma toada que só conheceu excepção quando Gyokeres mostrou a já conhecida disponibilidade para segurar e assistir, ou esticar para criar ou, lá está, estabelecer a equipa no meio-campo ofensivo (algo que faltou de forma quase dramática em alguns momentos). Uma incapacidade que redundou em várias bolas perdidas que a Atalanta aproveitava, sem contemplações, para solicitar as possibilidades que Scamacca oferece na profundidade. E entre jogadas interrompidas por fora-de-jogo e um golo anulado por intervenção do VAR (7′), o italiano haveria de fazer o gosto ao pé depois de tentar fugir pela enésima vez à linha defensiva leonina. Desta vez com a Atalanta à fugir à pressão do Sporting desde trás para depois criar a dúvida em Diomande que não só não conseguiu ganhar a bola no duelo com o avançado italiano como o haveria de ver fugir-lhe pelo espaço que o duelo gerou.

Demasiados jogadores ficaram fora do lance nesta saída-de-bola desenhada por Gasperini. E se Hjulmand chega atrasado, a saída de Gonçalo Inácio para perseguir Koopmeiners deixou a Diomande a responsabilidade de maior contenção e… atenção. Duas saídas em falso por parte de dois centrais que abriram um rombo que a ratice e rapidez de Koopmeiners e Scamacca não rejeitariam. Depois de Hjulmand, com Inácio a chegar demasiado atrasado para conter e Diomande a perder a posição no duelo (depois de o ter algo controlado) seria impossível a linha ficar composta. Depois, Adán fica também mal na foto ao não conseguir sacudir totalmente o remate de Scamacca.

Com a Atalanta em vantagem esperava-se a reação sportinguista mas essa foi esbarrando na linha média italiana, que ganhava, sem contemplações, a maioria dos duelos. E assim sendo, o plano de Rúben encontrou algumas soluções naquela força da natureza que é Viktor Gyokeres. Mas até para o gigante nórdico não foi fácil a missão de segurar a equipa mais perto da baliza adversária. Também ele foi batido em vários duelos, algo que não o impediu de, um par de vezes, esticar o jogo – criando numa delas uma das melhores oportunidades do Sporting em todo o jogo (20′). Dificuldades que não permitiam aos leões encararem a linha defensiva italiana de frente (como já referido a linha média italiana protegeu sempre muito bem todas essas tentativas) sendo que o mais perto que o Sporting teve desse desiderato foi quando… Gyo (quem mais?) conseguiu aproveitar um lançamento longo para ganhar a bola a um dos centrais. Aí começou a noite não de Pedro Gonçalves que na cara de Musso não conseguiu facturar.

(Todas) as ações de Edwards no jogo mostram a importância que a entrada do inglês teve. Como complemento essencial para Gyokeres, como solução no um-contra-um, e como assistente de Pote (nas oportunidades que pode também ver neste vídeo).



Tudo isto antes de um intervalo onde certamente se pediram diferenças no balneário do Sporting e continuações do lado da Atalanta. E em termos de oportunidades criadas o cenário não se alteraria muito, contudo o Sporting, esse, apareceu com outra ligação visto que as entradas de Edwards e Geny trouxeram outra ligação com um Gyokeres que deixava assim de ser uma ilha para passar a fazer uso do Eurotunnel britânico que Marcus lhe oferecia. Uma ligação que deu os seus frutos com o golo do empate (56′), não sem antes Scamacca falhar a sua última oportunidade (e bem clamorosa – 49′) passando depois a Pote o título de mais perdulário em campo. Uma noite para esquecer do talentoso Pedro Gonçalves que não só, como já referido, viu um remate seu ser travado pelos dois postes, como ainda haveria de falhar a mira por mais duas vezes – não adiando assim a decisão do primeiro lugar do Grupo D da Liga Europa para a última jornada. O Sporting segue para um playoff contra uma equipa repescada da Champions e a Atalanta ficará desde já com acesso aos oitavos.

Atalanta-Sporting, 1-1 (Scamacca 23′; Edwards 56′)

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