A repetição – O gesto, e o treino de recuperação

Estamos a criar muitas oportunidades, mas estamos a falhar muito também. Isso é fruto de quê? De não se fazer treino de finalização, só se recupera. Vai-se perdendo alguns gestos técnicos.

Jorge Jesus

Uma das mais fascinantes valências de Jorge Jesus, é a forma como cresceu quase somente com base na sua extrema sensibilidade para o treino.

Não há prática sem teoria, nem teoria sem prática – Quem não esteve nunca no campo, por mais que tente nunca terá a noção do que é o trabalho do treinador e do que este pode e deve conseguir “mexer”. Será sempre alguém incompleto que pouco ou  nenhum sentido fará sequer ouvir porque teoriza sem conhecimento. Mas, também centenas são os que lá dentro, na prática, e mesmo teorizando, não têm a mínima sensibilidade para o processo de treino – São incapazes de perceber se o exercício está a “andar” ou “não” – não sabem gerir o espaço – o tempo, e a relação numérica dos exercícios.

Jorge Jesus, poderia ser mais um dos que estão no terreno a cometer atrocidades no seu trabalho diário. Afinal, não parece preocupar-se muito em actualizar-se, e aprender um pouco mais sobre os princípios e componentes do treino. Não é o caso!

Ser treinador, no campo, tem muito a ver com sensibilidade – é muito mais que entender o jogo! A sensibilidade própria do agora treinador do Sporting para o treino, e a percepção que tem de como este deve influenciar o jogo, e o seu rendimento, é impressionante, para quem sempre deu a sensação de que não procura mais.

É óbvio que nos dias de hoje, o próprio treino de recuperação pode e deve ser direccionado para também ele ser mais próximo da competição. Mas, sem a intensidade devida no exercício, trazida pela relação numérica / oposição / espaço, nunca será o mesmo. E se o jogo a cada três dias até poderá ajudar a “rotinar” determinadas fases do jogo, a finalização, porque ocorre muito menos vezes, tenderá a ser o que de menos trabalhado fica. Sem repetição, princípio determinante do treino, naturalmente que baixa o rendimento, e desvanece-se o gesto.

Não é tão especial como outrora, quando trouxe para a Liga os princípios tácticos que hoje a norteiam. Mas, é sempre um treinador com um conteúdo rico, com algo para ensinar mesmo a quem menos se interessa.

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