Pormenores

Hoje, é comum e universalmente aceite que o trabalho de um treinador não é fácil. O tempo de escolher os melhores e, com alguma palavras de motivação deixa-los por si só espalhar no relvado o que cada um pode e sabe, já lá vai. Todas as equipas são organizadas e utilizam ferramentas que as preparam da melhor forma para os adversários que vão defrontar, no entanto continua a ser o talento e a qualidade dos intervenientes invariavelmente a fazer a diferença e por vezes apenas, pormenores.

O F. C. Porto de Sérgio Conceição é uma equipa à imagem do seu líder. Intensa, agressiva, lutadora e sem muita paciência para rodeios! Assim, com bola a ordem é acelerar, a ideia está consolidada, mas para dar um salto de qualidade em ataque posicional, por vezes é necessário respirar e colocar mais pausa e menos vertigem. Aos 11’ Luis Diaz sai do corredor, trás o lateral adversário consigo e consegue ficar de frente para o jogo, progredir com bola e a única opção que tem para não explorar a profundidade é na largura em Otávio que momentaneamente estava por fora e Corona dentro. Todos os outros companheiros procuram a profundidade. A 50 metros da baliza não há ninguém que, no espaço onde é necessário ter mais cérebro que músculo consiga fazer a diferença pelo simples ato de se posicionar onde há espaço. O lance acaba por ser perder após tentativa de passe para Marega que pedia na profundidade.

Sem bola os azuis posicionavam-se em 1442 com Soares e Marega mais adiantados a pressionar a saída de bola dos holandeses. Em posse e partindo da linha Octávio sempre em zonas interiores a deixar todo o corredor lateral direito para as subidas de Corona. Tendo de ser o brasileiro a ser o homem que no espaço de criação tenta sacar um pormenor que deixa os companheiros na cara do guarda-redes.

A marcação mista nas bolas paradas tem o condão de apenas proteger uma zona e deixar os restantes elementos à mercê das movimentações do adversário. No caso do Porto a zona protegida é o 1º poste e como referido no primeiro parágrafo, as equipas estudam-se, preparam-se e o Feynoord sabia bem o que fazer. Dois homens perto da linha de baliza ao primeiro poste a fazer uma cortina que impede a saída do guarda redes e dos seus defensores directos, deixando caminho livre para o segundo poste onde uma desatenção da dupla de centrais deixou um homem livre a cabecear sem oposição.Antes do canto ser batido, já Pepe está com o primeiro homem e Marcano sem hipótese de corrigir a posição.

Ao defender homem a homem, os defensores do Porto são arrastados para onde o adversário pretende libertando assim espaço para que surjam os elementos mais fortes a finalizar. Pormenores que fazem a diferença, mas que chegaram para a vitória.

Sobre Dejan Savicevic 91 artigos
Ricardo Galeiras Treinador, apaixonado por desporto, futebol e treino. Experiência em campeonatos nacionais na formação e atualmente ativo no futebol sénior. Colaborador na área de scouting e análise de jogo, com vários treinadores e equipas do campeonato nacional da Primeira Liga. Contacto: galeiras@gmail.com

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