Sem entrar nos 10!

Sobre o Benfica de Rui Vitória, ainda que com alguns traços de Jorge Jesus, motivo esse que faz o “Mestre da tática” ainda hoje reclamar alguns dos louros, Pep Guardiola disse:

“É a melhor organização defensiva que há na Europa neste momento. Mas não é uma equipa defensiva, pelo contrário. Coloca a linha defensiva muito subida e pressiona sem parar. Não deixa espaço entre linhas, não cabe um cabelo entre as duas linhas mais recuadas (…) é uma equipa digna de Sacchi ”
Guardiola, no livro “Pep Guardiola, La Metamorfosis.”

Há em Portugal mais alguém digno de Sacchi!

Já não é uma surpresa, é competência! Com o passar do tempo as ideias vão-se consolidando, as rotinas vão ficando afinadas e o jovem plantel de Famalicão vai conquistando adeptos em todos os jogos que realiza.

No fim de semana passado no Bessa, os visitados entraram com 10 e venceram. Com menos um desde os 25 segundos de jogo a ordem poderia ser recuar linhas e tentar durante mais de 89 minutos defender com unhas e dentes, um ponto!

João Pedro Sousa já mostrou e confirma a cada jornada que a sua ideia é positiva, arrojada e é nisso que acredita para poder pontuar! Mesmo com menos um!

No primeiro minuto, retirou o defesa direito Ivo Pinto que fazia a sua estreia, por isso menos rotinado e com menos tempo de treino e desceu Diogo Gonçalves que passou a fazer todo o corredor (que pulmão e que qualidade), organizou a equipa com 2 linhas de 4 a defender o corredor central e o ponta Anderson a condicionar os dois homens do centro do terreno do Boavista. Até aqui nada de extraordinário, o que me leva a tocar neste jogo e na forma como o Fama vence, é a ousadia!

Tirando os últimos minutos de sufoco, normal, a equipa nunca defendeu em cima da sua área, esteve sempre a mais de 30/40 metros, controlava de forma impecável a profundidade, demonstrava dominar quase de olhos fechados a bola coberta e descoberta, mais, percebiam a intenção corporal do portador e mantinham a altura da linha e isso é mais importante do que apenas a bola coberta e descoberta, como nos diz o Bruno Fidalgo aqui

A questão da bola coberta e descoberta é importante, mas não me parece que seja suficiente. Para evitar baixar sem necessidade, acredito que os jogadores devam estar focados na leitura corporal do adversário. Faz sentido preparar os apoios para correr quando a bola está descoberta, mas só fará sentido diminuir o espaço existente em profundidade, quando o portador revelar intenções de colocar a bola nas costas da linha defensiva.

Bruno Fidalgo

Há muitos anos que um treinador estreante, fora dos “grandes” não tinha um impacto tão grande numa equipa e em tão pouco tempo.

Sobre Dejan Savicevic 91 artigos
Ricardo Galeiras Treinador, apaixonado por desporto, futebol e treino. Experiência em campeonatos nacionais na formação e atualmente ativo no futebol sénior. Colaborador na área de scouting e análise de jogo, com vários treinadores e equipas do campeonato nacional da Primeira Liga. Contacto: galeiras@gmail.com

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