Dez por Todos – Foram Heróis

Foi com a intenção de marcar que Jorge Jesus preparou estrategicamente o jogo. Ao contrário do jogo na Luz em que a sua decisão de ter extremo (Pizzi e Rafa) com laterais, encostou o Benfica atrás, deixando somente Yaremchuk contra o mundo, Jesus arriscou deixando laterais holandeses mais soltos – Saíam Grimaldo e Gilberto, enquanto Lucas e Morato encostavam com os extremos Gakpo e Madueke, e guardando Rafa e Yarem para os centrais. No meio campo, Taarabt entrou para que o Benfica assumisse HxH a campo inteiro com os seus 3 médios em cima dos três médios oponentes. A ideia era clara, explorar o 1×1 sobre os centrais adversários numa saída que Rafa e Yarem pudessem ganhar vantagem.

O jogo nunca esteve fácil. Intensidade – Velocidade muito acima do jogo habitual das equipas lusas, fez com que as diferentes situações defensivas para se resolver mudassem a um ritmo vertiginoso, e a tremenda qualidade individual quer do 1×1 dos extremos adversários quer de quem os alimentava, que não ia perdendo uma oportunidade sequer para os solicitar, deixou o Benfica sob dificuldades no seu último reduto, mas nunca totalmente à mercê do opositor.

O cartão demasiado cedo a Lucas condicionou todo o jogo defensivo do Benfica, e a sua expulsão bem cedo, já depois de Rafa ter perdido a oportunidade de marcar, condenou o Benfica a um jogo de elevado sacrifício e necessidade de entre ajuda e disponibilidade física.

O 5x3x2 transformou-se primeiramente num 4x3x2, e posteriormente Rafa encostou no corredor para formar um 4x4x1, com Yaremchuk só na frente.

O término da primeira parte foi de grande dificuldade para parar a dinâmica ofensiva adversária e não fosse Odysseas e o Benfica sairia a perder para o intervalo.

A segunda parte voltou com alterações táticas. Do intervalo veio a ordem para o regresso a uma linha de cinco. Rafa posicionou-se como lateral, Gilberto como central pela direita, e à frente da linha de cinco, João Mário, Weigl e Taarabt procuravam empurrar o jogo para os corredores laterais.

A entrada de Vertonghen por Taarabt, permitiu adiantar Rafa para a linha média – Toda a esperança encarnada estava numa possível transição conduzida pelo seu extremo, agora relegado para uma linha média a 3 – e trazer maior competência para o duelo defensivo no seu primeiro terço.

Muita concentração defensiva, duelos ganhos e perdidos, dificuldades para suster ímpeto adversário, obrigatoriedade de correr infindáveis km por parte dos seus médios – entre bascular em largura no meio campo com menos elementos, chegar à frente e voltar – levaram o jogo para uma necessidade incrível de superação. Também por isso Ramos substituiu Yaremchuk.

Até ao final, houve desperdício, houve Odysseas, houve entre ajuda, houve correria, duelos. Houve Benfica. Dez heróis no limite das suas forças foram capazes de suster todos os ímpetos e investidas de um PSV muito superior, mas eliminado aos pés do coração da Dona Águia.

Homem do Jogo

Defendeu, Defendeu, Defendeu.

No término da primeira parte foi um gigante aos pés de Madueke. Já antes tinha adivinhado entrada de bolas em profunidade. Na segunda parte, quando o jogo “apertou” e o PSV passou a criar lances suficientes – seja de fora ou dentro da área para se adiantar, Odysseas foi um verdadeiro gigante na baliza do Benfica. Uma muralha no decorrer de toda a partida, e desta feita não poderá deixar dúvidas sobre quem foi o homem do jogo – E da eliminatória!

3 Comentários

  1. Difícil “desvalorizar” a exibição tremenda de Odysseas… mas creio que o melhor terá mesmo sido Otamendi.

    Muita da resistência do Benfica se deveu quer à voz de comando, quer às 22 (!) ações defensivas do argentino.

    Seja como for, não contesto a vossa escolha. Odysseas merece!

  2. Essa merda do melhor em campo é uma grande parvoíce, sobretudo para quem nos habituou a olhar mais para a equipa do que para o pormenor individual.

    Neste jogo, especialmente, não consigo destacar ninguém, exceptuando o L. Veríssimo, que ainda tem de comer muita palha para deixar de ser burro. Disse aqui uma vez que o melhor central do Benfica é o Vertonghen e mantenho, com Otamendi logo a seguir. Depois vêm Morato e LV. E ontem ficou demonstrado porquê: o LV fez um jogo ridículo e nem preciso de ir aos dois amarelos em 33 minutos. Completamente fora dela, não entendeu nada do que se passou ali.

    Dito isto, ontem foi um jogo de treinadores. Bons atletas em várias posições e funções e duas equipas com as lições bem preparadas. Ligeiro ascendente do Benfica até à expulsão, a controlar bem o adversário longe da baliza e a surpreender um bocado o treinador e jogadores do PSV, deu-me esta sensação. Com bola também foi interessante, apesar de apenas ter conseguido uma oportunidade (e que oportunidade!).

    A partir da expulsão, o Benfica fez um jogo completamente épico. Organização fantástica com menos um, só mesmo por erro individual (do excelente Morato e do óptimo Grimaldo – este calou-vos bem eheheh) ou em remates distantes conseguiram fazer mossa. Um trabalho espectacular.

  3. Até este blog entra nas modas extra futebol para alimentar polémicas estéreis de particularizar o êxito individual num desporto colectivo? É pena….

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