Amasso tático, Trent e Salah.

Mohamed Salah of Liverpool (2-L) and Trent Alexander-Arnold of Liverpool (L) celebrate the 4-2 goal during the English Premier League soccer match between Liverpool FC and Newcastle United in Liverpool, Britain, 01 January 2024. EFE-EPA/ADAM VAUGHAN

O Liverpool parece estar de volta (ou será que alguma vez foi embora?). Os reds andam na luta pelo primeiro lugar, mas mais do que os resultados, as exibições recentes parecem dar provas de uma consistência e regularidade rara no último ano e meio. Ontem, no primeiro jogo do ano, os reds receberam e, durante muito tempo, atropelaram o Newcastle num jogo que poderia ter terminado com muito mais golos dado o domínio do Liverpool e a quantidade de oportunidades criadas.

A intensidade na pressão foi chave para o domínio da equipa de Klopp, mas hoje irei focar-me numa particularidade estratégica do jogo de ontem. Como tem vindo a ser hábito este ano, Trent Alexander Arnold posiciona-se muitas vezes em zonas centrais quando o Liverpool constrói. Não sendo surpresa para ninguém, acho sempre interessante analisar as reações da equipa adversária a esse posicionamento, e como preparam o jogo de forma a evitar que o Liverpool tenha superioridade numérica clara no meio-campo. Ontem, o Newcastle de Eddie Howe decidiu jogar com Joelinton a médio esquerdo, ele que é tantas vezes médio centro numa linha média de 5 jogadores. Como podem ver nas imagens em baixo, o papel de Joelinton neste jogo passou por marcar individualmente (ou vigiar de muito perto) Trent Alexander Arnold. Se o lateral inglês estivesse aberto, lá estava Joelinton, se estivesse no corredor central, o brasileiro acompanhava-o para essas zonas.

Ora, tal como tudo no futebol, para qualquer ação/decisão existe uma consequência. Neste caso, o Newcastle abdicava quase por completo por defender o corredor direito do Liverpool, isolando Salah com Dan Burn, o possante, mas lento, defesa inglês. O Liverpool, como muitas equipas de topo, tenta ao máximo explorar as suas melhores individualidades, e neste jogo não foi excepção. Variando a construção do lado esquerdo através de diagonais longas de Van Dijk, ou do lado direito com rotações de Szoboszlai para o corredor ocupando o espaço deixado por Trent, foram inúmeras as vezes que a equipa de Klopp conseguiu isolar Mohamed Salah contra Dan Burn.

O jogo teve momentos de pressão alta do Liverpool, momentos em que o Newcastle conseguia sair em transição ou ataque rápido, e até momentos de muita organização ofensiva do Liverpool, num ritmo até mais lento, mas sempre vertical, do que o habitual. No entanto, e como se veio a provar no golo que dá a vitória no jogo, foi na batalha Joelinton vs Trent (mais tarde Gordon vs Trent) que se desbloqueou o jogo, e Salah. Num vídeo curto, mas que demonstra os padrões deste jogo do primeiro minuto até ao golo decisivo, o Liverpool foi sempre criativo e teve a famosa “variabilidade ofensiva” para arranjar soluções de progredir no terreno, por Trent Alexander Arnold ou através do seu posicionamento. O jogo é global, tem inúmeras variáveis, mas muitas vezes são fatores sistémicos/individuais como este que compõem grande parte da preparação durante a semana. Desta vez, vitória clara de Klopp:

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Rodrigo Carvalho. 26 anos, treinador adjunto-analista nos San Diego Loyal, EUA. @rodrigoccc97 no Twitter.

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