Não creio…não sei… já em criança jogava desta maneira
Messi quando questionado sobre se a sua forma de jogar se treina.
No “The Tactical Room”, Ignacio Benedetti cita Facundo Manes.”Em milhares e milhares de anos de existência o cérebro humano desenvolveu um sistema que toma decisões que na maior parte das vezes usa um sistema que é automático, que não chega à consciência, que está facilitado por emoções anteriores da nossa vida, e memórias prévias, que mudam consoante o contexto. O único que recordamos nas nossas vidas é o que nos emociona.”
As emoções e o contexto influenciam em cada uma das decisões que toma o indivíduo, e o futebolista que é um ser humano antes de ser futebolista não escapa a essa realidade, refere Benedetti.
Ao treinador caberá criar contextos no treino que facilitem a tomada de decisão no caos. A compreensão do jogo. Criar contextos em que se repitam sucessivamente formas jogadas que promovam a descoberta constante por parte dos jogadores das melhores formas de resolver cada situação. Se trabalhar posicionamentos poderá ser determinante, para ofertar opções ao portador e consequentemente facilitar-lhe o trabalho, condicionar decisões com bola predeterminando comportamentos não será o caminho. Se sem bola se procurará retirar caos, com ela há que dar ferramentas para se sair do caos com sucesso. Só jogando, e com variáveis que promovam repetições constantes, acertando ou errando, se facilita o processo de tomada de decisão. Só a repetição pelo aprimorar do gesto motor, mas sempre de forma livre na decisão facilitando o processo emocional, teremos uma evolução sustentada.
“Se tens um grande jogador de 10 anos há que matar o pai…
…contamina demasiado o filho. Diz-lhe o que tem de fazer ou como jogar sem nunca ter sido futebolista sequer. As pessoas também influenciam muito com a sua impaciência.” Palavras de Claudio Borghi.
Recentemente num texto, referia o problema das decisões que vêm da bancada.
“Miúdos na arena a tomar decisões que vêm da bancada. Em busca de um possível sucesso imediato, guiados por quem não entende sequer o que é uma boa decisão. Por isso, tantos crescem a “saber” que na linha de fundo se cruza, que a bola não se guarda por demasiado tempo e que se houver oportunidade para rematar, não há outra decisão possível. Formatar miúdos desde sempre. E ainda pior, formatá-los com ideias erradas. Formatá-los para que nunca percebam o jogo. Para que nunca entendam contexto e coloquem as suas decisões em função deste.”
A impaciência que menciona Borghi também referenciada antes como limitadora e castradora de uma boa tomada de decisão. Emoções que vêm da bancada tantas vezes em sentido contrário ao que é a boa decisão. E se por vezes mesmo nos adultos é difícil lidar com o nervosismo que vem de fora, mais limitador será o ruído quando escutado por crianças.
Conseguir o equilíbrio na forma como se gerem as emoções e a evolução dos jovens federados e ter os pais a funcionar também como catalizadores do processo será sempre o caminho ideal. Contudo, o ideal está ainda muito longe de ser real. Porque é tremendamente difícil para um pai entender que desligar-se de transmitir emoções e feedbacks sobre o jogo para o campo e para a sua criança, é o caminho que mais promoverá o seu desenvolvimento enquanto jogador de… um jogo!
Excelente!