Ser treinador deverá ser ao mesmo tempo, uma das actividades mais prazerosas, e que mais potenciam sentimentos de injustiça. A pouca cultura de jogo e pouca compreensão sobre os reais factores que fazem a diferença e o que controla ou não um treinador, tantas vezes contribuem para o deixar isolado. Sobretudo na derrota.
Por isso, tão importante quanto um bom modelo e um bom processo de treino, é saber-se rodear das pessoas certas. Tudo começa na elaboração da equipa técnica. Desengane-se quem acredita que ter uma equipa em que todos sejam experts no jogo é o mais importante.
A palavra certa é confiança. Poder confiar, é nos dias de hoje, o mais importante para um treinador. E um factor determinante que leva à constituição de equipas técnicas e de planteis, se estas pretendem estar viradas para o sucesso.
Se Pep sofria como treinador, eu sofria igual. Outros pensam que a batata quente é para o treinador… eu não. Importei-me sempre a fundo. No Barça éramos muitos que estávamos implicados totalmente, quem sabe por ser a nossa casa… Mas no geral, nenhum jogador sério pode lavar as mãos e pensar que tudo é responsabilidade do treinador…
Xavi
Muito de um possível sucesso inicia-se desde logo nas escolhas iniciais para integrar o plantel. Não somente relacionadas com a qualidade, mas com a personalidade própria de cada indivíduo. Por isso, hoje, tantos são os treinadores que recolhem informações sem fim sobre o lado pessoal de cada jogador, antes de o decidir integrar na sua equipa.
O protagonista final é sempre o jogador, mas o aspecto humano é a chave dum balneário. Eu gosto de gente que some. Gente que não traga problemas, jogue ou não jogue. Mascherano é um deles. Porta-se igual quer jogue ou não. É um exemplo. Dani Alves, Puyol, Abidal, gente que prioriza a equipa acima deles… é difícil e custa… mas é o aspecto chave… pessoas que somem e o treinador seja um conciliador.
Xavi
Gente que some, assim os classifica Xavi.
No trabalho de um treinador, demasiadas vezes mais difícil do que colocar ideias em prática, é impedir “manobras obscuras” de quem por não ser opção contamina as restantes alternativas. Cada vez mais, numa era em que grassa o individualismo, em que o pai, a mãe, o empresário, e a legião de fãs fazem com que o menino sinta que tem de ir a jogo só porque sim, para um treinador, rodear-se das pessoas certas é determinante.
Falava da humanização do jogo e do treino o Professor Júlio Garganta, como o próximo grande salto metodológico. No imediato, tomar opções muito com base em perfis psicológicos é algo que cada vez mais vai fazendo sentido.
É que no final do dia, todos somados serão sempre mais do que jogadores e pessoas soltas.
P.S. I – Entrevista completa de Xavi na drive do Lateral Esquerdo.
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Novos uploads realizados nos últimos dias, disponíveis na drive. Pep Guardiola, Jorge Valdano e Xavi!
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