a qualidade é relativamente pobre. Há muitas perdas de bola e muitas bolas longas. Outro caso: quando querem ganhar a Liga inglesas, querem ter defesas centrais muito altos, pois têm de jogar frente a atacantes muito altos e fortes, como os do Stoke, West Bromwich ou Hull City, por exemplo. Porém, quando estas equipas de defesas muito altos jogam no resto da europa têm problemas…
… no resto da Europa os defesas centrais sabem jogar futebol. Quando o Arsenal vai jogar com o Bayern, não necessita de jogar com centrais tão altos. Mas joga. E que acontece? O Bayern faz o que quer de defesas centrais que, futebolisticamente, são muito pobres.
Raymond Verheijen, numa entrevista a um jornal português.
Provocar e combinar superioridades desde o primeiro momento com bola, não é só a forma mais assertiva de se conseguir chegar com bola em boas condições às linhas mais avançadas, é também a mais fácil! Porque os caminhos que se trilham sempre em superioridade numérica assim o ditam. No fundo, é tudo uma questão de inteligência. Jogar com os espaço, seja atraindo oposição, seja libertando colegas, aumentando tempo para tomar decisões e executar.
Porque todo o jogo começa vezes de mais nas decisões e execução dos jogadores mais recuados, é cada vez mais impensável não “cultivar” a ideia da qualidade técnica e da capacidade para progredir e tomar decisões dos jogadores da defesa. Mesmo ai, o culto do físico / capacidades condicionais a ter de ser visto como um “extra” ao essencial (decisão – capacidade técnica).
Pedro Bouças no texto “Onde começa o desequilíbrio“.
Vale a pena continuar a “bater” na importância de formar futebolistas para jogar futebol, em detrimento de armários e culturistas. O sucesso que Cristiano Ronaldo tem como que veio desvirtuar um pouco a forma como se começava e se deve olhar para os factores de rendimento. Cristiano é sim uma máquina de trabalho, mas a sua suprema capacidade para fazer golos não vem do ginásio. Todo o seu sucesso vem do desenvolvimento incrível do seu gesto técnico na hora de finalizar. Não é porque pesa mais 5 quilos de massa magra que coloca o pé ou a cabeça na bola da forma como o faz. Mas talvez possa ser o caminho que seguiu a explicação para a perda da capacidade que tinha para “serpentear” / mudar de direcção e executar a uma velocidade estratosférica.
Podes perder porque estás mal fisicamente. Mas dificilmente ganhas só porque estás bem.
Raymond Verheijen.
Porque a condição e as capacidades físicas são determinantes. Mas, não são o “plus” que leva ao topo. Esse será sempre a qualidade da tomada decisão com a capacidade técnica para executar.
Sou claramente a favor de os DCs saberem jogar, com boa tomada de decisão e qualidade técnica.
Mas a questão do homem livre não estará a ter demasiada importância?
Dando exemplos:
– o DC atrai um médio, mas este adv. tapa a linha de passe para o seu colega. Aqui, para a bola chegar ao tal médio, é imperativo o uso do 3º homem (acho que não é o mesmo conceito do que o homem livre)
– o DC atrai o médio adv. e consegue logo jogar no seu colega, com mais tempo e espaço para executar. Mas sai-lhe outro adv. ao caminho, com a equipa adv. a fechar os espaços mais próximos. O MC até faz um bom passe para o lado contrário, mas o adv. consegue reorganizar-se.
– o DC começa a progredir para atrair adv., mas o PL adv. “divide” e corta a linha de passe entre centrais, com o adv. a fechar bastante no lado da bola.
Com estes exemplos, pretendo demonstrar que quase sempre se acaba por atacar em inferioridade ou igualdade numérica.
Penso que a questão do homem livre é importante, mas simplesmente para avançar com qualidade no terreno. Na grande maioria dos casos, o adv. acaba por se reorganizar ou obrigar a equipa a atacar em situações de inferioridade ou igualdade numérica (supondo que teremos sempre superioridade numérica atrás).
Sim aí estamos a falar de uma equipa competente a defender. Igualmente competente a atacar é aquela que sabe esperar o seu tempo, implique seja lá que tempo for. Ninguém está 100% bem e podem ter mais resiliência ou não, mas toda a gente falha (defensivamente – sendo que esta falha pode ser segundos e não desleixe posicional). Se os atacantes perceberem podem aproveitar. E é sempre mais fácil falhar quando estás a fazer algo que normalmente desgasta psicologicamente (que é só defender e nunca atacas).
O Barça do Guardiola era bom exemplo disso. Enquanto tiver tapado circula para onde dá, sempre a tentar maximizar a corrida do adversário. Quando eles se atrasam bola entre linhas para o tal homem livre e pé no acelerador. Fecham mais à frente e não dá volta a repetir até dar.
Enquanto a bola é deles não sofrem golos.
Ok, compreendo. Mas se calhar sou eu que estou a entender mal o conceito do homem livre.
Pegando no exemplo da bola a entrar no jogador entrelinhas, mesmo que este se enquadre, normalmente são situações de 3vs4, 4vs5/6… não são situações de superioridade numérica, quanto muito serão de igualdade.
O que realmente faz a diferença é a superioridade posicional/espacial (não sei qual o melhor termo para isto). Porque vem um jogador bom com a bola controlada, com gente a vir em apoio e outros a ir em rotura, e mesmo com superioridade numérica de quem defende é muito difícil.
Acho que faz mais sentido falar num homem livre a nível de espaço (receber num espaço onde possa ferir o adversário, estando livre ou com um adversário a chegar tarde), do que propriamente livre a nível de superioridades numéricas. Porque a atacar é muito raro existir a superioridade numérica, no meu entender.
Dizendo-se que há uma “importância de formar futebolistas para jogar futebol, em detrimento de armários e culturistas”, como se compreende o incensar por aqui do Willian Carvalho?
O amigo Carlos já viu por acaso o William Carvalho jogar? Já viu como é que ele ganha os lances? Não é em força de certeza porque as pernas dele se calhar até são mais fininhas que os braços.
Porque se calhar o WC é mais do que um armário?
Fisicamente o Fejsa também é um armário (quando não tem uma dobradiça perra), mas para lá disso é mais. O mesmo se pode dizer de uns quantos médios e defesas alemães (nem todos são da estatura do Lahm).