A propósito de tal noticia, aqui fica a recuperação de um post de Janeiro.
Nos últimos sete jogos da Liga Sagres, apenas o Olhanense conseguiu marcar golos ao SL Benfica. Notável. Naval, Sporting, Académica, FC Porto, Rio Ave e Maritimo não foram capazes de o fazer.
Competência individual? Sim. Seguramente. Luisão é por ora um jogador bastante mais seguro, Maxi Pereira continua com uma cultura posicional fantástica. Peixoto, ainda que débil na abordagem às situações de 1×1, interliga-se com grande qualidade com os restantes colegas, e David Luiz cresceu enormidades na ocupação do espaço.
Porém, são os indicadores colectivos que fazem a diferença.
O quarteto defensivo ocupa o espaço com base em referências zonais. São a bola e o posicionamento dos próprios colegas que determinam o posicionamento. Já assim o era na temporada passada. Difere essencialmente na forma como o sector defensivo se coordena com o meio campo. A base para todo o posicionamento é o criar de uma linha formada por 4 jogadores, alinhada de forma horizantal e paralela à linha de fundo. A tal linha, pretende contar sempre com quatro jogadores. E é essa a principal diferença para o método defensivo de Quique Flores. Na temporada passada, sempre que um defesa era obrigado a sair para a contenção (sair ao portador da bola), a linha passava a três jogadores, e demasiadas vezes se tornava insuficiente para cobrir toda a largura do campo de jogo. Com Jesus, o trinco articula com a linha defensiva. Se o defesa sai da linha, o trinco baixa, garantindo o necessário equilíbrio. Entre a bola e a baliza de Quim, há sempre alguém na contenção, e a tal linha de quatro jogadores, que pela sua proximidade entre si, garantem que a bola não passa no espaço entre ambos, impedindo assim os avançados adversários de serem servidos na profundidade.
Torna-se, igualmente importante, salientar a fantástica pressão efectuada logo na saída de bola do adversário, que permite à equipa jogar bastantes metros mais à frente, em relação ao que era habitual. Dificilmente, nos jogos do SL Benfica, encontramos um adversário com tempo para pensar e executar com assertividade.
P.S. – Na última Liga Sagres, o Sp. Braga sofreu menos onze golos que o Benfica. Na Liga Europa, e ainda que tenha realizado mais oito jogos europeus, a antiga equipa de Jesus, também sofreu menos golos que a de Quique. Cinco a menos. Sintomático, não?
P.S. II – Para quem no início da época, teve a oportunidade de seguir um treino do SL Benfica, cujo objectivo era precisamente a aprendizagem das referências zonais, e a percepção sobre os comportamentos tácticos a adoptar a cada nova situação (como reagir quando um colega é batido? Como reagir quando a bola entra na zona de outro defensor?), a performance defensiva da equipa de Jesus não surpreende minimamente.
P.S. III – Por maior injustiça que possa estar a ser cometida ao afirmá-lo, é impossível não associar, a mesma excelência táctica defensiva do Sp Braga, à passagem de Jesus pela Cidade dos Arcebispos, e à consequente aprendizagem de que todos os jogadores do Braga beneficiaram. Estaremos cá para nos retratar, assim que Domingos o repita com outra equipa. Com o FC Porto, por exemplo.
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