Enough is enough. Mas, onde se elogia também a liderança de Paulo Sérgio.

white corner field line on artificial green grass of soccer field
Estamos no fim de Novembro e seria expectável que por esta altura o futebol do Sporting tivesse um mínimo de qualidade. Não a tem, de todo.
Há uma gritante falta de classe no futebol ofensivo. Mensurando a qualidade ofensiva pelo número de ataques potencialmente perigosos e pelo número de oportunidades criadas por jogo, é impossível não constatar a pobreza do futebol leonino. Paulo Sérgio pode até apresentar as estatisticas que nos revelam os imensos remates por jogo, ou até as inúmeras bolas no poste. O que não deve é partir do pressuposto que tal é sinal de muito caudal ofensivo. Particularmente, quando as bolas que batem no poste são fruto de remates de fora da área. De todos os remates que o Sporting faz por jogo, quantos (mesmo alguns que por vezes batem nos postes, ou até entram na baliza) parecem descabidos e com pouca probabilidade de êxito? Jogar para a estatistica não é difícil. Mais complicado é criar lances nos levem a pensar que a probabilidade de êxito é maior que a de insucesso.
A ideia ofensiva do Sporting da actualidade parece aproximar-se da proposta de futebol das equipas de meio da tabela de inglaterra. O que importa é a intensidade. Parece que em cada ataque há uma necessidade imperial de chegar rápido à frente. A falta de paciência para circular a bola com calma e assertividade, procurando o melhor momento para então investir, confunde-se com falta de classe. Jogadores como Yannick ou Liedson parecem jogar sempre no tudo ou nada. Ou fazem golo, ou perdem a bola. Esta mentalidade transforma os jogos do Sporting numa roda viva. Ataca um, ataca outro. Nunca há verdadeiramente um controlo sobre o jogo.
Não dúvide que Paulo Sérgio tem jogadores com qualidade para um jogo bem diferente. Se no final de Novembro o jogo do Sporting é o que é, chega o momento em que o treinador leonino deve interrogar-se profundamente sobre o que não está bem.
P.S.- O abraço pós golo e as declarações elogiosas de Yannick sobre o seu treinador, traduzem a informação que nos havia chegado. A liderança é a característica mais forte da equipa técnica de Paulo Sérgio. Os jogadores parecem unir-se em torno de si (relembre também a aparente mudança comportamental de Vukcevic) . O problema é se tal não é suficiente…
P.S. II – O calendário do Sporting é absolutamente terrível. Das equipas que habitualmente compõem a metade superior da tabela (SL Benfica, Sp Braga, FC Porto, Maritimo, Guimarães, Nacional), a luz foi a única saída do Sporting. Quando o calendário começar a apertar, será decisivo estar num patamar de rendimento superior, sob pena da presente época se tornar ainda bem mais penosa que a anterior.
Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

9 Comentários

  1. PB,

    li com atenção o post assim que foi publicado, mas só agora concretizei que o elogio ao Paulo Sérgio não é correcto.

    Não contesto que como treinador seja capaz de arregimentar os jogadores para a faena. O que contesto é que, no momento em que o próprio considera ser desfavorável emocionalmente, apele à superação emocional.

    Isto é, se o PS acha mesmo que (i) o Sporting joga bem (tão bem como o FCPorto, como referiu na conferência de imprensa), (ii) tem tido azar com as bolas ao poste e assim), (iii) que não lhe é dado o reconhecimento devido pelo trabalho efectuado e amplificada a importância dos desaires, ou seja, que o problema ultrapassa totalmente o foro técnico/táctico, parece-me que apelar à emoção é como que acender um fósforo ao pé de um barril de pólvora.

    Sem sequer referir a sua incapacidade de diagnosticar os problemas colectivos do Sporting, se isto for verdade (sobretudo a parte do "estou com a cabeça a prémio"):

    http://dn.sapo.pt/desporto/sporting/interior.aspx?content_id=1717894

    demonstra-se que nem sequer sabe conceptualizar o bom momento para apelar à superação emocional, por oposição à capacidade de apelar à razão e à qualidade de processos.

    Numa palavra, nem que poderia ser bom é capaz de incutir qualidade.

    Estive (excepcionalmente) no estádio e houve uma situação absolutamente ridícula – e para mim ilustrativa da qualidade intelectual desta equipa técnica – na marcação de um livre lateral "à Camacho": o problema não foi a opção (que por acaso deu em contra-ataque perigoso), mas as indicações frenéticas do adjunto para o Pedro Mendes muito antes da marcação do livre.

    Eu, que estava na bancada, percebi o que ia acontecer. O Filipe Anunciação também (nem hesitou quando se fez ao lance, contrariando o movimento colectivo dos jogadores do Sporting). O Alberto Cabral é que não. Uma preciosidade. Gosta do iPad mas não sabe (ou pode) utilizar a cabeça.

  2. Para mim só o facto de meter os 11 jogadores dentro da área num canto contra o Sporting dá para ver que não tem estofo para um grande…

  3. Anónimo, tb n concordo nada com os 11 na própria grande área.

    Corta desde logo todas as chances de poder contra-atacar…

    Mas relembro que o actual treinador campeão faz a mesma coisa, e não foi por aí que não teve sucesso. Mas que é parvoíce…é!

  4. Bem sei que é pouco, Leão. E enquanto não se contratar um treinador tacticamente extraordinário, não vejo como se pode chegar ao 1º lugar. Mas, também não vejo nenhum português disponivel com qualidade para ir para o Sporting.

  5. Concordo com o que escreves, embora me pareça que exacerbas em demasia a capacidade de liderança de Paulo Sérgio. Pelos indicadores, sim, demonstra ter o plantel bem unido e capaz de navegar todo para o mesmo lado. Mas isto estará longe de constituir, por si só, grande valia se nos restantes requisitos se revelar um autêntico flop – que não é o caso de Paulo Sérgio, diga-se, que, estando longe de ser o treinador ideal para o Sporting, tem qualidade para pelo menos merecer alguma estabilidade e voto de confiança.

    O problema, a meu ver, é precisamente este: o Sporting, devido à falta de uma estrutura verdadeiramente organizada, conhecedora e capaz de com pouco aproveitar ao máximo o potencial que existe no plantel, precisará sempre de um extraordinário treinador. Enquanto tiver Paulo Sérgio, Carvalhal, etc., tenderá a perder peso (e resultados) no campeonato português. O problema é a ironia da coisa: como tem estes treinadores de nível, vá, médio, os adeptos, iludidos pela grandeza do clube (que obviamente existe) esperam sempre que a realidade vá ao encontro da dimensão como instituição que o Sporting é, e portanto acham-se no direito de querer outro tipo de técnico à frente da equipa. Compreende-se mas torna-se pescadinha de rabo na boca: sai um treinador, vem outro, perdem-se rotinas, necessita-se de tempo para o que chega, prometem-se coisas a médio e longo prazo (já raramente para o momento presente), os adeptos esperam, iludem-se, depois desesperam, o treinador sai, vem outro e nunca mais acaba. O maior exemplo disto que digo e que demonstra bem a falta de estratégia de quem dirige o clube foi dado precisamente na época transacta, em que saiu um treinador (que já estava, desde o princípio, a prazo), Carvalhal, que tem qualidades e que não foi devidamente apoiado, para entrar um outro técnico que, na minha opinião, é-lhe inferior. Ora, se Carvalhal saíra, só faria sentido se para o sue lugar chegasse alguém com outro tipo de qualidade e visão. Paulo Sérgio não é esse homem. Jamais o será.

    Mas… quem poderá ser o treinador ideal para o Sporting, pergunta-se. Eu responderia: antes de colocarem essa questão, perguntem-se, sportinguistas, quem seria o Presidente ideal para o Sporting. Talvez passe mais por aí a possibilidade de devolver grandeza prática à grandeza institucional.

  6. PB:
    Nunca saberemos o que podia ter sido Carvalhal com o apoio institucional agora dispensado a PS. Sem os episódios Liedson/Sá Pinto ou Costinha/Izmailov. Mas o melhor futebol que vimos ao Sporting estas 2 épocas foram sobre o seu comando.

  7. Como Benfiquista, mas sem hipocrisia, creio que o melhor, desde há muitos anos, foi Carvalhal, mas a direcção não quis, e bem, mantê-lo, pois há lá mais anti-Benfiquistas que Sportinguistas, e por isso os espero a caminho do fundo. Fora de gozos, fora de provocações baratas, até porque o Benfica não está muito melhor, de aspecto, este ano, mas temos um homem que já mostrou valer mais, por isso estou descansado, seja-lhe dada tranquilidade e estabilidade, e tanto Benfica e Porto estarão bem à frente do Sporting para o próximo ano, pois ou isto leva uma volta muito grande, e este ano além de Braga há Guimarães a meter-se no meio, dizia eu, ou isto leva uma volta muito grande, ou o Sporting tem aí mais uma época como a do ano passado… Agora, se for pior, certamente, também não será de estranhar…
    Até menos de estranhar do que se for melhor!

    Abraço

    Márcio Guerra, aliás, Bimbosfera

    Bimbosfera.blogspot.com

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