Não será fácil desmontar equipas que concentram 9 jogadores à frente da linha da sua área e deixam à pesca apenas um na frente. Não estou certo, porém, de que essa abordagem poderá garantir sucesso no campo de um grande. Demasiado baixos e demasiado tempo sem bola o jogo todo, é natural que mais tarde ou mais cedo o cântaro parta.
O Dragão viu um FC Porto com posicionamentos ultra ousados no momento de Organização Ofensiva, e com uma mobilidade assinalável. A fazer lembrar outras equipas e outros treinadores que todos apreciamos seguir.
Três atrás da linha da bola. Construção a cargo de Felipe, Danilo e Marcano. Laterais com total projecção em profundidade e largura. E toda a equipa metida nas costas da linha média adversária. Herrera e Corona na metade direita do campo, baixavam alternadamente para receber. Mais vezes Herrera. Quando era Corona, Herrera trocava o posicionamento com o colega. Na metade esquerda, Óliver e Jota com a mesma dinâmica. Sempre a sair das costas da pressão para vir receber. André Silva mais preocupado com ataque à profundidade e com movimentos em largura sempre entre linhas, sem se mostrar à frente dos médios adversários.
Constantes trocas posicionais e sobretudo uma segurança com posse que monopolizou o jogo todo.
Muitas dúvidas de que o agora incrível balanceamento ofensivo em organização da equipa de Nuno não passe por imensas dificuldades perante equipas mais ousadas e com outro nível nas suas individualidades. Bastará um sistema com dois avançados para colocar dificuldades a triplicar ao FC Porto, na sua transição defensiva. Os laterais estão completamente fora da jogada. Em organização defensiva, há pouco controlo dos espaços vitais. Muito arrastamento, muita referência no homem. Muito espaço conferido.
O modelo apresentado na recepção ao Arouca parece o ideal para noventa por cento dos jogos no Dragão. Conseguir gerir sempre a posse como o fez na partida de ontem determinará as possibilidades de ser feliz com tais ideias, ou não. Curioso o incrível contraste com o que apresentou em Tondela, há não tão pouco tempo assim. E que prova que os modelos não são fechados.
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Não é normal este comportamento no Porto de NES, diria até que todo este pendor ofensivo foi mais culpa de um Arouca a jogar em 30 metros do que propriamente estratégia.
Pelo menos em praticamente nenhum outro jogo o FC Porto teve tanta bola e tanto controlo, aliás nem parece que o Nuno queria assim tanto ter bola tendo em conta o apresentado em 90% dos jogos. E quanto à linha média a atacar, em Brugge por exemplo, com Herrera no lado direito, Otávio do lado esquerdo e Oliver no centro. Só Otávio é que jogava nas costas da linha média. Oliver vinha sempre receber no pé atrás e Herrera abria do lado direito mas sempre fora do bloco.
O que me meteu mais confusão foi este ter sido um dos jogos mais conseguidos pelo porto e o seu treinador vir justificar com o ‘jogador a porto’…..não se pode falar só para os adeptos 😉 acho
http://www.record.xl.pt/multimedia/videos/detalhe/insolito-nuno-explicou-o-que-e-jogar-a-porto-com-desenhos.html
http://www.abola.pt/clubes/ver.aspx?id=637092
“«O que queremos construir assenta em três pilares desde o primeiro dia. Compromisso, cooperação e comunicação. Se a isso somarmos a união, a determinação, teremos a atitude e dessa forma temos a base do que é jogar à Porto», concluiu Nuno Espírito Santo.”
Caro Ricnog
muito bom
Parece-me interessante a análise. E deixa transparecer alguma preocupação com o cresimento da equipa azul e branca. A ideia que o Porto pode, com este tipo de estratégia/dinâmica, sentir dificuldades quando encontrar jogadores/equipas de outro calibre é, na minha opinião, a grande justificação para o SLB ter perdido grande parte dos confrontos que teve com equipas de outro nível na época transacta. Até porque convenhamos, o únicos testes difíceis que teve até agora foi com o Braga (luz) e em Nápoles.