A fama negativa da defesa no futebol vem do facto de muitas equipas terem exagerado nos seus aspectos defensivos, baixando demasiado a sua zona para defender, jogando duro, com muitos contactos e cortando o fluir do jogo, tornando-o aborrecido e contra natura para os adeptos e para quem gosta do jogo.
A defesa está mal vista porque a usaram como um fim e não um meio para jogar.
O futebol de qualidade não é unicamente um jogo de ataque! mas sim um jogo de equilíbrio entre ataque, defesa e transições. Esteticamente também pode ser bonito defender se for feito com a intenção de roubar a bola para posteriormente atacar a baliza adversária.
Júlio Garganta
Há diferenças significativas entre o que é defender bem, e o que é aglomerar muitas pernas atrás da linha da bola a cada instante sem posse, pese embora tantas vezes ambos os conceitos produzam os mesmos resultados defensivos, e outras tantas sejam confundidos.
Defender bem é ajustar posicionamentos e movimentar de forma colectiva em função do espaço, posicionamento da bola e número de colegas envolvidos no lance. Uma boa organização defensiva possibilitará ligar o momento com o da recuperação da bola, dando hipóteses e aumentando probabilidades de se ser efectivo também ofensivamente. Essa é a principal diferença entre defender bem e defender com muitos.
Demasiadas vezes o que se observa são aglomerações de jogadores, sem especial coordenação entre si, ou sequer princípios definidos. Aglomerações sempre baixas que coarctam possibilidades de posteriormente se poder ter uma transição ofensiva com boas possibilidades de sair em ataque rápido ou contra ataque.
Defender bem tem portanto, também que ver com a ligação que se estabelece ao momento ofensivo.
Defender bem não é simular lesões, pedir aos apanha bolas para desaparecerem ou bater nos adversários.
É porque nem sempre se consegue distinguir o que é defender bem, fazendo-o de forma colectiva, movimentando de forma conjunta para encurtar espaços, para pressionar e fechar linhas de passe, do que são artimanhas que prejudicam o lado estético do jogo, que a má fama do defender foi crescendo.
Na verdade, as melhores equipas dificilmente manterão tal estatuto se não forem capazes de ser competentes em todos os seus momentos. E toda a ideia ofensiva de uma equipa depende da defensiva, e vice-versa.
Porque o jogo se liga, não é viável pensar que se pretende atacar como Guardiola e simultaneamente defender como José Mourinho, ou qualquer outro pensamento semelhante. A ideia ofensiva está sempre dependente da ideia defensiva.
Os momentos defensivos têm a mesma arte dos movimentos ofensivos. Há uma diferença grande que é defender com muitos e defender com poucos. Defender com poucos é uma arte. É isso que o Benfica tenta fazer, mas às vezes não dá
Jorge Jesus, em 2013 depois de uma série de 5 jogos consecutivos sem sofrer golos
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