Quando na temporada passada, o Braga venceu em Alvalade, falei aqui no que é necessário para se vencer a um grande:
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Modelo de Jogo. Um modelo bem estruturado. Pensado e que consiga garantir mínimos de qualidade nos posicionamentos em cada momento do jogo;
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Estratégia. Adaptações obrigatórias mesmo mantendo o modelo, em função das características totalmente diferentes do jogo. Diferentes porque perante adversários substancialmente melhor apetrechados;
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“Sorte” expressa numa eficácia que terá de ser invulgar e bastante superior à do adversário. “Sorte” porque consegui-lo nunca é fácil, e muito menos quando na frente a finalizar estão jogadores com menos capacidade que os outros, que para além de melhores ainda terão mais bolas de “golo”.
Vale muito a pena ver e ouvir com muita atenção a conferência de imprensa de Miguel Cardoso, o treinador que eliminou o Benfica da Taça.
Curiosidade – O Miguel Cardoso, que é o treinador do ano em Portugal na presente temporada, é um dos patronos do Lateral Esquerdo. O que muito nos orgulha, naturalmente.
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Penso que não é o melhor jogo para o elogiar porque o Benfica conseguiu superiorizar-se ao Rio Ave, ao contrário do jogo para o campeonato, por exemplo.
o texto não elogia nem critica nada. Fala de Modelo, Estratégia e “um pouco de fortuna”, como forma de se vencer um grande. Tal como o M.Cardoso falou…
A única verdade implícita é a de que o Benfica fez um dos jogos melhorzinhos este ano – e a palavra certa é mesmo essa: “melhorzinhos” – o que, em si, seria motivo suficiente para fazer muito boa gente pensar no que se está a passar, pois o treinador também tem culpas no cartório. Mas não se superiorizou. Pode ser verdade para quem ache que o futebol se mede por estatísticas (ainda hoje muito pouco bem explicadas) do Goalpoint. Mas como o Pedro aqui acabou de intonar, existe uma coisinha chamada Estratégia. E, sim, um pouco de sorte – que, como sabemos, protege os audazes. Já agora, rematemos com uma coisa: Estratégia, no futebol, é coisa que não se aprende através de uma suposta adaptação d’A Arte de Guerra para um determinado contexto – por muito que nos queiram convencer disso. Aliás, pessoas de confiança me garantem que isso é motivo aberto de chacota no dito “meio”.
Não me venhas dizer que o SlB não se superiorizou porque é mentira. E a estratégia nos momentos finais foi muito alterada derivado do decorrer caótico que o jogo levou. Agora o SlB conseguiu mais bola e isso não fez parte da estratégia do Rio Ave. E a equipa foi bem trabalhada para este jogo. O problema do SlB neste ano é a qualidade dos jogadores, basicamente. De Ederson, Lideloff e Nelsinho tens Varela, Jardel e Meidinha. Fácil.
Quando, há uma semanas, disse que acreditava que Abel não sairia de Braga, era a pensar no conjunto de bons treinadores que os três grandes terão disponíveis. Este é um deles. Pouca experiência? Se calhar, não. Esteve com Domingos em Braga, como preparador físico, em algumas das nossas melhores épocas. Esteve no Shakthar, como responsável pela formação – e até acredito que a ida de Paulo Fonseca para a Ucrânia tenha tido (algum) dedo dele. Aliás, quando vejo o Rio Ave a jogar, revejo as ideias de Paulo Fonseca. O único receio que um grande poderá ter é pelo facto do Miguel Cardoso, na verdade, ter um contexto no Rio Ave bastante diferente do que encontraria num grande (e mesmo num Braga). Mas o modelo de jogo que ele implementou em Vila do Conde é de equipa grande.
Creio, por isso, que o Miguel Cardoso será uma opção para os grandes que desportivamente não forem bem sucedidos. E há Paulo Fonseca, Marco Silva, o próprio Paulo Sousa – ainda que tenha dúvidas que eles tenham “pressa e vontade” em regressar de imediato ao futebol português.
Só queria acrescentar ao que antes disse que, quando o escrevi, ainda nem sequer sabia que Jorge Mendes é o representante de Miguel Cardoso. Sendo assim, aproveito para reforçar a minha ideia…