A excelente primeira parte do Benfica em Alvalade teve muito de uma preocupação táctica que envolveu Bruno Fernandes, nos momentos em que o Sporting tinha a posse.
Para perceber melhor como neutralizou o Sporting, talvez seja importante recordar como o Sporting define as suas transições ofensivas:
Já se sabe que se a grande maioria dos golos no futebol mundial surgem nos primeiros oito segundos após a recuperação, então quando as forças se equivalem, muito menos probabilidades existem de as equipas chegarem ao golo em Organização Ofensiva. Ai, por norma, quando as equipas são bem organizadas, como é o caso das que se defrontaram na noite de ontem no Estádio de Alvalade, tem de emergir ainda mais a capacidade para aproveitar os momentos após a recuperação.
E foi precisamente na sua transição defensiva que o Benfica foi extremamente competente, fazendo com que o jogador mais do Sporting na Liga passasse ao lado do derby.
Talvez pelo presente video, consiga perceber melhor porque há dias escrevi isto:
Em suma, por exemplo, pode ser muito interessante imaginar um Benfica com Pedro Rodrigues no lugar de Fejsa. A questão é que à frente do seis encarnado, jogam vários jogadores cuja percentagem de acerto não chega sequer perto dos oitenta por cento. Pizzi, Rafa, Salvio, Zivkovic, Cervi são todos jogadores, que independentemente das suas qualidades, têm várias perdas, e o Benfica enquanto equipa será sempre melhor enquanto tiver Fejsa a resolver os problemas que os colegas causam, quer pela forma reactiva e inteligente como se move na transição defensiva, quer como equilibra a equipa em organização, do que partindo com mais um jogador capaz de criar.
Bruno Fernandes, como praticamente todos os jogadores no futebol mundial, é um jogador de frente para a baliza adversária, e outro bem menos interessante, de costas. E se a transição ofensiva do Sporting passa sempre por ele, havia que o condicionar, e foi precisamente isso que tão bem fez o Benfica na maior parte do tempo.
Estas foram muitas das acções de Bruno ao longo de toda a partida. O destaque claro para a forma como consegue “mexer” no jogo quando está de frente, e o porquê de ter passado quase ao lado da partida, sobretudo enquanto havia menos fadiga e maior disponibilidade para encostar rápido no oponente directo.
O Benfica tirou quase sempre Bruno do jogo, Gelson ressentiu-se porque teve menos bola por não ter o seu principal municiador, Bryan não tem chegada ao último terço a tempo de provocar e aproveitar espaços, e Bas Dost não tem soluções para ganhar espaço ou segurar a bola. Passou por aqui a superioridade do Benfica no derby.
Grande post. Obrigado por isso.
“O modelo de jogo tem de estar relacionado para que sejas competitivo. Os jogadores e o modelo de jogo têm que ser coerentes. Porque às vezes com um determinado tipo de futebolistas, tu não podes jogar de uma determinada maneira e ser superior ao rival”
Se o Benfica tivesse jogadores que não perdessem a bola tantas vezes nos jogadores do meio-campo e da frente, o Pêpê até poderia ser adequado. Com os que tem, impõe-se um Fejsa para poder ser competitivo.
Aliás, o próprio vídeo mostra como quando Fejsa começa a falhar na 2ª parte pela fadiga, o Sporting tem melhores jogadas.
Será a fadiga de Fejsa um dos motivos para o Benfica tentar resolver os jogos na 1ª parte?