Ole Ole Ole (Leo Leo Leo)

Não há quem, dentro das faixas etárias mais maduras dos adeptos do Manchester United, não se refira ao Milagre de 99 como a descida do espírito de Matt Busby sobre aquela que ficou conhecida como a Classe de 92. Segundo os mesmos, essa descida terá permitido aos red devils virar a dois minutos do final a desvantagem que a equipa de Sir Alex Ferguson averbava para o Bayern de Munique. Tudo isto em Camp Nou, tudo isto há, mais coisa, menos coisa, 20 anos. Seria então impossível a Manchester United, mas também a Barcelona, não fazer um flashback na antevisão deste duelo entre catalães e ingleses que, tal como há 20 anos, forçava o United a fazer uma reviravolta em Camp Nou. E se em 1999 a coisa decidiu-se bem perto do fim, desta feita, em 2019, muito do resultado final – favorável à maior capacidade blaugrana em todos os aspectos do jogo – poderia ter mudado se Rashford e McTominay tivessem, nos primeiros minutos, aproveitado a descida do espírito de Matt Busby para perto de Ter Stegen. Mas, ao contrário do agora timoneiro Ole Gunnar Solskjaer, os jovens red devils desperdiçaram a hipótese de meter em sentido um Barça que, a partir daí, conseguiu levar o jogo para onde mais gosta: meio-campo ofensivo pelos pés de Lionel Messi.



Aí, tudo, já sabemos, se torna infinitamente mais fácil. É que ao contrário de decisões, remates, toques, fintas e o que quer que seja a mais, Messi tem por hábito fazer tudo bem. Seja a pressão e o desarme, a visualização do espaço vazio, um toque subtil e pouco ortodoxo que enquadra a bola com o espaço central e a baliza e o sublime disparo (quase) sempre sem hipóteses para os guarda-redes que ficam na melhor posição para o ver brilhar. E, mesmo quando essas hipóteses até são algo elevadas (2-0, 20′), qualquer distração pode ser fatal para reverter a tal desvantagem e reeditar o tal milagre que, ansiosos, os red devils esperavam. Mas, claro está, esta não é a Classe de 92 que tantas alegrias lhes deu. Esta é uma classe que, dentro de pouco tempo, quase ninguém se lembrará pela diferença absurda de valor entre os United standards e a qualidade, ou falta dela, que não deixa levar o clube para onde os adeptos querem que ele vá. Já sabemos, desejar é uma coisa, trazer ao físico é outra. E, hoje por hoje, esperar que o Manchester United ombreie com o Barcelona quando a larga maioria dos seus jogadores cede sobre pressão, é ter de aceitar que a queda nos quartos-de-final da Liga dos Campeões e a luta pelo 4.º lugar na Premier já são um belo prémio de consolação para uma liderança que, ainda assim, conseguiu que o United passasse a ser realmente mais forte com as equipas que estão abaixo de si em termos qualitativos e conseguisse também (ainda que de outra maneira, bem menos ofensiva e mais cínica) alguns bons resultados contra equipas melhores (Tottenham, PSG…).

Após recuperação e brilhante túnel, o outro pormenor que aproximou Messi do golo: o toque mais longo que enquadra bola e corpo com a baliza e lhe permite o remate certeiro



Mas o salto qualitativo, claro está, terá de ser dado com a renovação de um plantel imberbe onde a maior vantagem surge daquele pace, pace, pace que tanto os britânicos gostam mas que tão poucas alegrias lhes tem dado. Para o futebol de campo todo, outro tipo de jogadores terá de emergir. E, olhando para o outro lado, assim de repente, ninguém no plantel do United conseguirá fazer aquilo que Messi fez (esta damos de barato pois… quem consegue?) mas também aquilo com que Coutinho selou a eliminatória. Deste United espera-se explorar espaço nas costas e rezar para que as perdas de bola no seu meio-campo não sejam males maiores. E se isso não se notará contra os Cardiffs e os Brightons, contra o Barcelona notar-se-á sempre em demasia.

Rashford primeiro e McTominay depois, não conseguiram emular nos primeiros dois minutos o Milagre de 99′

Barcelona-Man United, 3-0 (Messi 16′ e 20′ e Coutinho 61′)

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