Boas sensações… Ofensivas

O primeiro período da partida do Sporting na Suiça deixou várias boas sensações. Maioritariamente nos momentos ofensivos, onde o Sporting demonstrou extrema facilidade na forma como chegou com critério ao último terço do adversário, criando lances suficientes para logo na primeira parte da partida resolver o jogo. Embora não seja tal o mais importante nesta fase da temporada.

Saída no pontapé de baliza com centrais dentro da grande área

Interessante do ponto de vista ofensivo a mobilidade entre o triângulo do meio campo, com o envolvimento em zonas ofensivas de todos os elementos (Bruno Fernandes, Wendel e Eduardo), mas ainda com alguma falta de entrosamento no garantir do equilíbrio, notado nos momentos em que os três se envolviam no último terço à frente da linha da bola.

Destaques individuais:

Eduardo. Tacticamente ainda algo anárquico. Será ele o “6”? Mas tecnicamente, fisicamente e na tomada de decisão com bola, a um nível muito elevado. Demonstrou poder ser uma mais valia na ligação para o ataque, seja quando progride, ou pela qualidade com que procura os espaços interiores, ou ainda em como sai da pressão. Tem mais para dar partindo dos espaços de construção, mas para ser o médio mais defensivo, precisa de trabalho de posicionamentos. Individualmente é um produto em bruto com muito potencial para ser moldado.

Wendel. Algumas semelhanças com Eduardo, mas menos capaz defensivamente no trabalho posicional. Com bola, e embora nem sempre tenha tido sucesso na condução, tem um potencial muito elevado para definir jogos que se “abrem”.

Bruno Fernandes. Mais um jogo de grande nível da figura da época passada em Portugal. No primeiro golo destacou-se pela forma como variou o corredor criando condições para Raphinha se exibir onde é mais forte (1×1 com espaço), e ainda terminou a finalizar. A sua importância está bem patente na forma como ocupa todos os espaços. Baixa para dar saída, e quando a equipa encontra espaço para respirar, sobe metros e ainda aparece para criar e finalizar. Será um rombo tremendo a sua partida.

Mathieu. Para o francês todos os jogos parecem um passeio no parque. A qualidade que tem em posse, quase não encontra paralelo mesmo a nível mundial. Tudo é pensado, tudo são ideias, execução e muita tranquilidade. Ainda a crescer fisicamente para poder também defensivamente voltar ao nível a que habituou Portugal

Luis Phellype. Sem mutos momentos de notoriedade, isto é, sem aparecer a explorar movimentos de ruptura que o colocassem em situação de poder fazer golos, destacou-se pela forma como se associa a Bruno Fernandes. Tornaram-se dois jogadores com um entendimento muito próprio e profícuo dos seus próprios traços, e o avançado brasileiro foi um dos responsáveis por algumas bolas de golo do médio, pela forma como se mostrou entre linhas, e tabelou com o colega.

Tudo demasiado prematuro, contudo, o Sporting construiu um plantel mais capaz do que na temporada passada. Eduardo, Vietto e Matheus Pereira poderão tornar-se adições muito importantes. Com trabalho de pormenor que acautele os momentos defensivos (e este trabalho deverá incidir também no momento ofensivo, precavendo o momento defensivo da transição), há individualidades para estar muito mais próximo do topo.


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Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

4 Comentários

  1. Tendo presente a ideia de que o futebol é dinâmico e que o desenho da equipa com bola muitas vezes deverá ser diferente daquele sem bola, não seria benéfico para o Sporting, tendo em consideração a maior parte dos adversários que irá defrontar, optar por um 4x4x2 clássico, tendo em consideração as vantagens que uma dupla Dost x Vietto poderá oferecer ao nível de soluções e também de confundir as defesas adversárias, ao mesmo tempo que as competências defensivas de Bruno Fernandes (ainda cá está, para todos os efeitos…) e Wendel serão suficientes para, no miolo, controlar a maior parte das equipas que vai tentar “apenas” jogar no erro do Sporting?

    • Isso seria uma ideia com fundamentos, acontece que aquele senhor não tem competência para colocar a equipa equilibrada com dois avançados, dois extremos ofensivos e apenas um homem mais conservador no meio-campo. Não esquecer a velha máxima do JJ: defender com muitos é fácil, difícil é defender com poucos. Keizer rima com desorganização colectiva.

      • Concordo com a crítica, embora não seja um problema privativo de Keizer:) E dentro da desorganização do homem, a que me preocupa mais (digo preocupa, porque apesar de tentar ver o jogo na óptica do jogo em si, não deixo de ser sportinguista) é mesmo a desorganização defensiva. Em todo o caso, pior que o ano passado será difícil, digo eu.

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