A Perda da Posse e o controlo do jogo

É uma questão que tenho vindo a debater sistematicamente – O número de perdas de bola é absolutamente determinante para um jogo que se quer controlado.

Imagine que é o lateral num modelo (como quase todos os de hoje) que o obriga a fazer 40 metros para a frente para chegar ao seu posicionamento ofensivo, e de cada vez que lá chega há um colega que perde a posse. É hora de fazer mais 40 a acelerar para trás. E isto constantemente.

Ah, mas se perde muito é porque assume o risco.

Não! Se perde muito é porque é incapaz de perceber o custo / beneficio da acção que vai tomar! Não perder a posse de forma sistemática é o que permite: A) Instalar no meio campo ofensivo; B) preparar o momento da perda. Depois de garantidas tais condições, sim – É possível arriscar-se mais nas decisões.

A jornada do Benfica é paradigmática. Não só menos perdas, mas tão importante quanto isso para permitir os dois pontos anteriores (Instalar e Preparar), a duração de cada ataque. O Benfica teve 10 ataques acima dos 45 segundos. E é esse critério em posse (quando não há possibilidade de contra atacar, porque quando há, não pode haver indecisão!), que permitiu não apenas controlar, mas asfixiar o Moreirense!

Na jornada, o Vitória de Guimarães com as mesmas posses (10) acima dos 45”, o Rio Ave com 6 e o FC Porto com 5, foram as equipas que demonstraram maior capacidade para não perder a bola de forma fácil. Naturalmente que a acção dos adversários também importará e muito na execução do plano, mas fica o registo de que as quatro equipas que tiveram maior capacidade de não perder consecutivamente a bola, terminaram a jornada com… 0 golos sofridos!

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Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

1 Comentário

  1. Ora, exactamente isto! A capcidade para perceber o custo/benefício é muito importante… quantas e quantas vezes jogadores decidem arriscar e colocar a equipa em contantes transições…

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