Porra, Pedro

Num início de semana em que as vantagens mínimas dos grandes foram tema de conversa, FC Porto e Sporting conseguiram gerir – num caso – e aumentar – noutro – aquilo que o Benfica não conseguiu manter. Algo que acaba por se traduzir numa tabela que depois da 15ª ronda vê os portistas a fugir ao Benfica, e os leões a manterem a vantagem para o 2.º lugar. E para isso, o Sporting foi ao Bessa colocar mais uma vez a dúvida na forma como o adversário aborda o jogo. Muito se tem falado no 343/523 leonino e muito têm os adversários tentado adaptar-se ao que o plano de Amorim tem de melhor, como tentam capitalizar os espaços que o mesmo plano possa dar. E, neste caso, foi Jesualdo Ferreira e o seu Boavista a alterarem o sistema habitual para tentarem tornar o jogo mais a preto e branco, isto é tentar roubar dois momentos ao jogo do Sporting. Com um 532 (a defender) e um 352 a atacar, o bloco boavisteiro baixou metros no terreno e ofereceu aquele que Jesualdo pensava ser um presente envenenado a Amorim. Com os leões a terem que passar a maior parte do tempo em organização ofensiva, ficou gorada a hipótese de apanharem o Boavista em contrapé, numa primeira parte que se tornou numa batalha a dois momentos: Boavista a tentar sair e Sporting a tentar construir.

A ter que assumir as despesas do jogo em organização, e com um bloco sólido pela frente, o Sporting fez do jogo directo, e do posicionamento dos alas, armas para desequilibrar. Nuno Mendes, convenientemente posicionado no lado morto, vai chegar primeiro à bola que sobra para daí criar o primeiro golo da partida.



Algo que, invariavelmente, mudou quando o sistema de Amorim mostrou uma das suas valências (que iria, aliás, ser também decisiva no 2.º golo do Sporting). É que para controlar o Sporting, o Boavista defendia em dois corredores, destapando obviamente um deles. Mas, na imediata resposta às segundas bolas, o corredor que o Boavista destapa deixa espaço para o ala aparecer – sendo que, aos 22′, Nuno Mendes foi lesto a aproveitar a bola de sobra de um alívio de Rami, para cruzar para Nuno Santos abrir o marcador. Algo que meteu em xeque a estratégia dos axadrezados, que ficariam obrigados a ter também que ter protagonismo na criação para poderem retirar algo do jogo.

O Boavista está a detalhes de elevar o seu jogo para outro nível exibicional e de resultados. Mesmo não conseguindo dividir o jogo com o Sporting, uma melhor definição de Elis poderia ter feito o Boavista entrar no jogo por duas vezes.

Ainda assim, Jesualdo Ferreira (apesar das movimentações no banco e na linha lateral) optou por manter o desenho até ao intervalo, tendo visto não só duas ou três ações que lhe abririam algum apetite para a segunda metade, como viu também o Sporting poder tornar as coisas muito mais difíceis para os seus na etapa complementar. E se o timing de Elis poderia ter sido melhor por três vezes (apanhado adiantado em duas jogadas prometedoras e a desperdiçar uma oferta de Neto que o deixou na cara de Adán), também João Mário (que recepção magistral) e Jovane (que viu Porozo negar-lhe o 0-2 sobre a linha-de-golo) poderiam ter levado o jogo para um registo difícil de responder para o Boavista.

As bolas que sobram, oriundas de cruzamentos e posteriores cortes da defesa, e os alas que chegam primeiro a elas. Nuno Mendes acima (e de novo), Pedro Porro em baixo – já com oposição que não impediu o excelente golo que ditou as contas da partida a favor do líder.



Porém o registo da etapa complementar traria algumas parecenças com o que foram também os jogos dos adversários mais directos do Sporting nesta jornada. Com o Boavista a mudar para 433 (com a Angel a formar um 442 no momento defensivo, mas sempre à espreita de se soltar), a linha média do Sporting começou a dar sinais de desgaste. Facto provado e comprovado por Rúben Amorim ter sido forçado a incluir, primeiro, Daniel Bragança (numa alteração que não ganhou o miolo) e depois ter lançado um João Palhinha que estava à bica para o dérbi eterno da próxima semana. O Boavista mostrava-se assim combativo e com algum pendor na zona central, mas as indefinições e menor qualidade quer técnica quer na decisão, não o deixaram levar o jogo para o último terço. Já o Sporting haveria de puxar para destaque mais duas situações, sendo que uma delas seria a mais decisiva na partida. Se primeiro Sporar viu Léo Jardim desviar-lhe a hipótese de corresponder a um cruzamento de Nuno Santos (Reggie Cannon ainda anda à procura dele), na segunda foi novamente a tendência dos alas leoninos ganharem a bola que sobra do outro lado da defesa dos adversários. E se na primeira parte Nuno Mendes foi lesto a encontrar Nuno Santos, desta vez Pedro Porro inventou, por si só, um golo que merecia público nas bancadas do Bessa e que acabou por dar mais conforto ao líder da Liga.

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