Largura máxima da linha de 3 e os centrais a receberem dentro do bloco: como Tuchel bateu Mou

O Chelsea de Tuchel defrontou o Tottenham de Mourinho e bateu os Spurs por 1-0, num jogo em que quase bateu recordes em termos de chegada ao último terço. A estratégia de Mourinho envolveu marcações homem a homem nos jogadores do meio-campo do Chelsea, com Bergwijn e Ndombele a encaixarem e perseguirem Kovacic e Jorginho, e Sissoko e Hojberg estando atentos aos movimentos de Mount e Hudson Odoi. Esta estratégia mostrou desde cedo que seria muito complicada, e que estava a ser facilmente contornada pela qualidade e inteligência dos médios do Chelsea, que aproximavam junto da linha defensiva, descaíam nos corredores e desmarcavam-se no timing certo para o espaço criado pelos seus colegas, obrigando os jogadores do Tottenham a percorrer grandes distâncias, libertando o corredor central e oferecendo muito espaço para os defesas progredirem com bola.

Um dos jogadores que mais desequilibrou na primeira parte foi Azpilicueta, o central pelo lado direito da linha de 3 do Chelsea. É comum vermos linhas de 3 mais conservadoras com bola, não saindo do corredor central e confiando nos seus alas para estarem abertos e recuarem para ser opções no 1v1 (o Sporting, por exemplo, atua desta maneira). O Chelsea, e sendo ainda cedo para ver o que Tuchel pode fazer com esta equipa, atuou com os seus centrais bem abertos, explorando a largura para condicionar a pressão do Tottenham que se focava maioritariamente no corredor central (onde estavam os médios do Chelsea e as marcações individuais). A linha de passe segura para o Chelsea estava encontrada, mas isso por si só não chega. O facto de Azpilicueta receber dentro do bloco do Tottenham (nas costas da pressão quase sempre inconsequente de Son e Vinicius) fez com que o Chelsea conseguisse encontrar espaços em zonas perigosas, mantendo os seus alas e médios em zonas mais avançadas, fixando a linha defensiva do Tottenham que, com as movimentações constantes do Chelsea, foi muitas vezes de 5 ou 6 jogadores, dando espaço ao portador da bola e muito tempo para pensar. Nas imagens em baixo, comparo a diferença entre ter os centrais mais perto um dos outros numa primeira fase (1), ou explorando a largura máxima do terreno (2, com os devidos riscos):

Foi através destas movimentações que o Chelsea se libertou da pressão e encontrou muitos espaços dentro do bloco adversário, tendo sempre 3 linhas de passe disponíveis, tempo para pensar e atacar a linha defensiva do Tottenham. Num misto de sorte e competência da linha defensiva de Jose Mourinho, e incompetência dos homens do ataque do Chelsea, os blue nunca traduziram estas facilidades na construção em oportunidades reais de golo, daí o escasso 1-0 num jogo que tinha tudo para acabar com outro resultado. Deixo então os vários momentos na primeira parte (antes do ajuste de Mourinho ao intervalo) em que o Chelsea dominou por completo o controlo da bola e dos espaços interiores que permitiram inúmeras chegadas ao último terço:

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Rodrigo Carvalho. 26 anos, treinador adjunto-analista nos San Diego Loyal, EUA. @rodrigoccc97 no Twitter.

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