Late Night with Toni Martínez… cancelado

A visita à Muralha de Cónegos nunca se afiguraria fácil para o FC Porto, mas toda a gente andaria longe de adivinhar o dramático final de jogo para todos os intervenientes. E se por acaso tivessem começado a seguir a partida lá para o minuto 76, talvez ficassem imensamente surpreendidos por verem um campeão nacional que não se encontrava – momento que fica perfeitamente visível quando Pepe tentou encontrar Uribe e forçou o colombiano a um corte in extremis que evitou o… 2-0 para o Moreirense. Faltavam então 13 minutos e mais uns pozinhos para os portistas tentarem manter acesa a luta pelo título. E o facto é que mesmo depois de um jogo altamente desinspirado e que teve pouco para contar em relação a ideias azuis-e-brancas para desmontar o 532/541 de Vasco Seabra, o facto, dizia, é que mesmo assim o FC Porto quase acabaria por virar o encontro a seu favor. Num momento altamente dramático, Toni Martínez, aos 90’+3, cabeceou a bola para as redes, o que somado ao golo de Taremi (86′, na conversão de um penálti ganho pelo espanhol), catapultava o FC Porto para onde queria/podia estar. Mas a revisão do lance acabaria por verificar que tudo se fez num universo paralelo onde os 10 centímetros que empurram Martínez para a frente do lance não importariam. E foi assim que, na realidade onde tudo se passou em fora-de-jogo, do êxtase azul-e-branco se passou ao desespero.

Disposição do FC Porto aos 77′. Grujic haveria de entrar aos 78′ por Nanu para oferecer equilíbrio a um FC Porto que passou de pouco corajoso a completamente desarticulado



Bem sabemos que Sérgio Conceição havia dito que seria dada pouca atenção ao jogo do Sporting em Braga, na noite anterior. Mas o resultado, esse, e a forma como foi conseguida a vitória leonina, alguma reação há-de ter causado nos jogadores. E não dizemos que foi essa a (maior) causa para um jogo de repelões que não conseguiu causar aflição, desespero e nem sequer grande desconforto à organização defensiva do Moreirense, mas que o FC Porto surgiu de certo modo apático, pouco reactivo e, sobretudo, pouco confiante, isso será altamente certo dizer-se.

As zonas que mais pisou Mehdi Taremi, sendo que o iraniano tem, jogando o FC Porto em casa, mais preponderância na ligação do jogo portista



Ainda assim não são novas as dificuldades do FC Porto para sair vencedor em jogos deste género, onde tenta sobretudo evitar transições. Mais, por exemplo, do que ligar. Facto que o prova é, por exemplo também, a pouca influência de Taremi na primeira metade. Ele, um dos que tem a missão de ligar jogo e de aparecer em zonas que condicionam mais o bloco adversário, pouco se viu – enquanto Mbemba ia tentando ligar o jogo directamente e verticalmente a Marega, e onde Otávio e Corona eram forçados a jogar por fora. Isto porque Nanu andou longe de oferecer o que Manafá tem oferecido na direita, e porque o mesmo Manafá na esquerda parece um norte-irlandês a viver em Dublin. Não surpreende pois que, contas feitas, as oportunidades do FC Porto para bater Mateus Pasinato tenham que ser apontadas com muito boa vontade por parte dos cronistas e analistas. É que até à entrada para a 2.ª parte, uma fugida de Marega e uma insistência de Corona que acabou num remate desviado, eram muito pouco para uma equipa com os objectivos dos portistas. Algo que Taremi fez questão de rectificar, num lance (46′) onde teve tudo para finalizar melhor e dar algum conforto à equipa.

Arrastamentos deixam espaço livre para Ferraresi. Cruzamento a dois tempos essencial para o timing de entrada dos arrastadores e de Ferraresi



Desconforto esse, lá está, que nasceu ainda na 1.ª parte, num lance do laboratório de Vasco Seabra. Canto curto para desposicionar, arrastamentos, procura do espaço deixado, e disparo fatal para as aspirações portistas. A correr contra o prejuízo, o FC Porto foi, já o dissemos, pouco eficiente, pouco fluído, pouco envolvente. Algo que mudou pouco até Sérgio Conceição se aperceber que para outro rendimento seriam precisos outros intervenientes. E o palco dado a Díaz, Chico, Fábio e Toni teve o condão de dar esse empurrão final para o último terço. Mas até lá, e voltamos ao princípio do texto quando Uribe evitou o 2-0, Grujic teve de entrar para dar algum equilíbrio e conforto numa equipa que, por esses momentos, andava às aranhas ofensivamente e defensivamente. E se poucos adivinhariam a total dificuldade do jogo antes dele acontecer, poucos acreditariam que nesses instantes finais o Porto conseguiria dar a volta. Ficou a dez centímetros de o fazer e fica agora bem mais pressionado a olhar para a calculadora que tem na mão há vários meses.

Moreirense-FC Porto, 1-1 (Ferraresi 37′; Taremi g.p. 86′)

Otávio (com a bola, na imagem) beneficiou de espaço nos minutos finais, onde se assemelhou a um quarterback. Duas bolas para Martínez, duas finalizações importantes por parte do espanhol e que não tiveram réplicas anteriores. A ideia de Fábio e Otávio mais por dentro prova o quanto Sérgio se apercebeu da falta de ligação do jogo da equipa

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