45 minutos do melhor que se viu esta época: o Gil Vicente de Ricardo Soares

Em semana de derby Benfica-Sporting, e onde o FC Porto também jogou na sexta feira, tive mais tempo para poder ver outras equipas da nossa liga. Houve vários bons jogos e boas exibições coletivas e individuais, mas há uma que se destaca de todas as outras: a goleada do Gil Vicente ao Famalicão por 4-0. A equipa de Ricardo Soares tem feito um campeonato competente, está segura na metade superior da tabela com 17 pontos em 13 jogos, estando no oitavo lugar da classificação. Para quem está atento, o avançado titular do Gil Vicente, Fran Navarro, tem neste momento apenas menos um golo do que o melhor marcador da liga, Luis Diaz, e Samuel Lino, outro habitual titular, conta já com 5 golos, explicando algum do sucesso do Gil, seja pela qualidade individual que ambos possuem, mas também por aquilo que o coletivo lhes dá: liberdade com bola, processos bem definidos e um coletivo que sabe exatamente o que quer do jogo. Não tendo visto os jogos todos do Gil Vicente este ano, a ideia que fico após este jogo frente ao Famalicão é a mesma que tenho do seu treinador, Ricardo Soares: mais um treinador muito competente da nossa liga, que com poucos meios tem feito muito nos últimos anos pelos clubes onde passou.

Este ano, com um plantel que aparenta ser dos melhores que o Gil teve nos últimos tempos, a equipa vai-se soltando ofensivamente, mantendo a organização defensiva e coerência em cada momento do jogo que são imagem de marca de Ricardo Soares. Neste último jogo, foi bem evidente que desde o primeiro minuto o Gil Vicente sabia o que queria do jogo: defensivamente, mostrou que queria pressionar alto uma equipa que se sente confortável com bola, tentar forçar a construção do Famalicão para apenas um lado e, com um bloco muito junto entre setores, abafar os jogadores adversários nos corredores laterais. Com bola, o Gil Vicente esteve bem com bola desde a sua construção, contou com um meio-campo muito móvel com Fujimoto a fazer muitos movimentos verticais entre os defesas contrários e Pedrinho a assumir a distribuição em zonas mais recuadas, e na frente 3 elementos móveis, capazes com bola e muito perigosos tanto com a bola no pé como a atacar o espaço nas costas da linha alta do Famalicão. O que mais me surpreende, como em muitas das equipas que admiro, foi a capacidade que o Gil Vicente mostrou em ligar os diferentes momentos e sub-momentos do jogo: passava de uma pressão alta e em meros segundos a sua linha média estava perto da linha defensiva para ganhar a segunda bola; passava do momento defensivo para o contra-ataque com muita facilidade e sempre a procurar que o primeiro passe fosse vertical para apanhar a equipa contrária desposicionada soltando o talento dos seus jogadores da frente, algo que originou várias oportunidades de golo e, quando necessário, TODOS os jogadores reagiam tremendamente ao momento da perda de bola, dos mais defensivos aos mais habilidosos, mostrando muita da organização e disciplina desta equipa.

Fran Navarro é um monstro a pressionar, Samuel Lino e Murilo mostraram muita apetência em decidir os timings de pressão para o corredor lateral, e tanto o meio-campo como a linha defensiva mostraram-se muito rigorosos e competentes a unir os setores, originando várias recuperações de bola ao longo do campo, e muitos foras de jogo ao ataque do Famalicão. Numa Liga onde muitas vezes só se liga a um par de equipas ou pouco mais, deixo aqui a prova daquilo que me impressionou numa equipa do Gil Vicente muito organizada e que destruiu por completo o Famalicão de Ivo Vieira em apenas 45 minutos:


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Sobre RobertPires 84 artigos
Rodrigo Carvalho. 26 anos, treinador adjunto-analista nos San Diego Loyal, EUA. @rodrigoccc97 no Twitter.

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