No “Conversas de Café”, o Bruno referenciava:
…muitas vezes estamos limitados no que podemos manipular… tu lembraste do que é querer estar a jogar da maneira que gostamos mais, a querer jogar da maneira que nós temos a certeza que nos ia aproximar do sucesso, e tendo em conta o que tínhamos nas mãos sabíamos de certeza que era assim, e se for preciso tinhas a bancada toda a querer que os jogadores tivessem fisgas nos pés e que a bola tem é de estar lá na frente ao pé da baliza adversária. As pessoas não têm noção do que a pressão de trás faz nos jogadores e influencia o que se está a passar.
Afirmava Marcelo Bielsa no “Suficientemente louco”:
Existe un estilo argentino de jugar. Es el público quien impulsa esta creación. Cuando la pelota pasa de la defensa al ataque por abajo, a ras del piso, el publico se siente cómodo. Cuando pasa por arriba constantemente se incomoda. Cuando yo dirigía a Vélez y Newell’s, si la pelota no iba ras del suelo, sentía el murmullo de las tribunas
A cultura própria de cada país e de cada competição continuará a ser a chave para que mesmo importando os melhores, o nível de jogo da Premier League teime em permanecer bastante abaixo do que é praticado nas melhores equipas Europeias nos campeonatos de Espanha e Alemanha, sobretudo.
A pressa por uma emoção rápida que se zanga com quem pensa ou quer pensar o lance, o jogo. O “bruaá” em forma de desaprovação quando a bola não viaja tão rápido no sentido da baliza adversária quando tal é o desejo comum a uma toda bancada, a forma como não se entende que nem sempre o caminho mais rápido é o melhor, continuará a condicionar decisões aos melhores. Continuará a impedir as equipas britânicas de se tornarem melhores no jogo que inventaram.
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Estive em Manchester a ver o City x Spurs em Janeiro deste ano.
Foi incrível. O público não queria passes pra trás, ouvia-se com frequência e em grande número ‘lá vai a bola outra vez para trás’, entre outras coisas…
Aí, ao vivo, a sentir toda aquela gente que aplaudia chutoes para a frente, apercebi-me do real choque cultural que Pep enfrenta.
Comentei isso lá no meu blog… a questão é, o treinador adaptar-se, ou revolucionar parte da cultura?
https://raciocinarofutebol.wordpress.com/ para quem não conhece..
Não meti o link do blog, porque acho que não faria muito sentido estar a fazer ‘publicidade’ num dos melhores sítios sobre bola.
Apenas comentei, visto que abordara algo semelhante, após ter tido a oportunidade de estar em Inglaterra…
Abraço
eu sei… mas como merece, meti eu!
Falaste no caso de Inglaterra, mas o caso de Portugal não é diferente. A influência que o público pode ter foi bem visível hoje no Benfica Estoril.
Eu acho que tão cedo a cultura não muda… Os adeptos não deixam, nem parecem querer. Eles gostam genuinamente desse estilo de jogo.