Um treinador para o ataque e outro para a defesa.

white corner field line on artificial green grass of soccer field

É possível que tal forma de organização, recentemente tida como genial, seja somente… parva.

Contudo, dissertar sobre a mesma é um exercício puramente especulativo. O importante, fica por saber.

Um treinador para o ataque e outro para a defesa. Mas, com que funções? Quem determina a planificação anual? Quem define os objectivos e quem pensa nos exercícios? Não deve o mesmo exercício contemplar vários momentos do jogo (não só a organização ofensiva e/ou defensiva, como as transições)?

Tal forma de organização, fará sentido, somente, se as tarefas de tais treinadores, se cingirem à supervisão, ao transmitir de feedbacks / correcções aos respectivos grupos (presentes no mesmo exercício, mas com objectivos diferentes). Nessa perspectiva, é um facto, que ter treinadores diferentes, preocupados com objectivos diferentes, tornará o processo de treino (particularmente as correcções) mais minucioso.

Porém, esta será, a única visão, em que tal organização parece fazer sentido. Todas as outras tarefas, para além da supervisão, devem ser unas e da responsabilidade de Jorge Jesus (ainda que decididas em conjunto).

P.S. – Que te parece, Serrinha?

Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

5 Comentários

  1. É como dizes. Eu assisti a imensas sessões de treino do Jesus em Braga (em particular na pré-época) e posso afiançar que quem define o treino, os exercícios e o método é de facto Jesus. É aliás muitíssimo interventivo e obsessivo nos aspectos tácticos. Os adjuntos apenas coordenam grupos/fases dos exercícios – porque de facto, é quase impossível a uma só pessoa estar atenta ao que fazem 25-30 jogadores. Comparando com outros que por Braga passaram, Jesus está anos-luz à sua frente.

    Dito isto, foi com alívio que o vi fora de Braga porque os clubes devem exigir respeito dos seus profissionais e a actuação de Jesus a partir do Belenenses-Braga (e em vésperas do Braga-Benfica) é inadmissível. Estou aliás convencido, conhecendo António Salvador como conheço, de que não fora existir a possibilidade de o Braga ser ressarcido pela saída de Jesus, este não teria sequer terminado a época…

  2. Boas, a meu ver, a unica forma de trabalho que pode contemplar esta "separação" ( ja trabalhei desta maneira e gostei dos resultados ) é a que falas quando dizes:

    "Tal forma de organização, fará sentido, somente, se as tarefas de tais treinadores, se cingirem à supervisão, ao transmitir de feedbacks / correcções aos respectivos grupos (presentes no mesmo exercício, mas com objectivos diferentes). Nessa perspectiva, é um facto, que ter treinadores diferentes, preocupados com objectivos diferentes, tornará o processo de treino (particularmente as correcções) mais minucioso."

    Em outros desportos é possivel tirar uma equipa completa de campo e colocar a de defesa, ou de ataque, a complexidade do jogo de futebol não permite tal situação.

    Quero pensar que Jesus se referia a esta forma de ajudar os jogadores a entender o que a equipa técnica pretende.

    Abraço, e mais uma vez, parabéns pelo excelente blog!

  3. Acho que estás a fazer uma análise bastante rigorosa sobre o que Jesus disse e sem contemplares a hipótese (evidente, como sabemos) de Jesus não ter escolhido as melhores palavras para dizer o que quer dizer.

    Eu ouvi essa declaração e ele, enquanto falava desses dois técnicos com funções específicas, dizia: "tudo isto, claro, sob a minha supervisão" (não foi assim que o disse mas foi esta a ideia).

    O que ele quer dizer, julgo eu, é que terá um técnico a acompanhar os movimentos no treino dos jogadores mais ofensivos e outro para os defesas. Isto, divisão de tarefas colectivas entre ofensivas e defensivas, parece uma estupidez de todo o tamanho. Mas se for aquilo que me pareceu que Jesus queria dizer faz-me todo o sentido. Não é dividir os processos dos jogadores e dar-lhes para cada grupo um técnico; é meter um técnico a apreciar os avançados e outro os defesas para que todos estejam bem analisados e depois, no fim, o Jesus receba essa informação.

    Há uma diferença entre acompanhar defesas, um, e atacantes, outro e falarmos em técnicos específicos para acompanhar, um, os movimentos ofensivos e, outro, os movimentos defensivos.

    Resumindo, Jesus quer ter os jogadores constantemente analisados; não quer definir e separar momentos de jogo.

  4. Grande Pedro Bouças….é certo que concordo contigo. Só nesta perspectiva, do feedback, é que faz sentido existir técnicos para cada sector. É mais fácil corrigir um comportamento se tivermos um elemento em constante observação. Parabéns pelo blog…..

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