Diário do Mundial. Dia 2.

Oh Capello mete os extremos no… banco!

A Inglaterra é provavelmente a equipa com mais qualidade individual no Mundial. É também bastante bem organizada tacticamente. Os quatro do meio campo sabem o que devem fazer em cada momento defensivo. Gerrard e/ou Lampard são sempre responsáveis por garantir a cobertura defensiva ao colega centrocampista que sai na contenção (seja ele um médio centro ou um extremo). A linha defensiva posiciona-se bem e tem bastante qualidade. O inesperado empate consentido, acabou por ser mais fruto da boa surpresa que foi a equipa americana (vários jogadores com boa tecnica individual), do que propriamente da incapacidade inglesa.

Ainda assim, Fabio Capello tem condições para tornar a sua equipa na mais poderosa do torneio. Parece claro que jogando com um único pivot defensivo (Carrick?), e dois interiores (Lampard e Gerrard), dando liberdade a Joe Cole nas costas dos avançados, a equipa inglesa poderia ser bastante mais criativa. Beneficiaria de mais apoios, e teria Rooney sempre mais próximo do sucesso. Tal como está, a equipa parece demasiadas vezes condenada ao sucesso dos lances individuais. Quem tem Gerrard, Lampard e Rooney pode, ainda assim, ser bem sucedida. Mas que poderio teria esta equipa com um estilo de jogo mais continental?

Maradona, só talento já não chega…

É difícil encontrar equipa mais talentosa que a Argentina. Demasiado desorganizada, no entanto. E não só no processo defensivo, onde joga de forma primitiva, sem princípios claros definidos (Quem sai e quando à bola? Há coberturas defensivas? há proximidade entre jogadores, ou cada um está onde está o adversário?).

No plano ofensivo foi uma desilusão. Parece que ninguém sabe exactamente que opções tem em cada momento. Ninguém sabe exactamente onde estão e onde vão aparecer os colegas. É uma espécie de grupo de amigos que se reuniu para uma partida de futebol. Não um grupo qualquer, porém. O grupo dos tipos mais talentosos do mundo. Não parece capaz de se sagrar campeã mundial. Fazê-lo seria a vitória do talento sobre a organização!

Os Estados Unidos são uma boa surpresa. Não porque sejam propriamente um colectivo bastante forte. A verdade é que são vários os bons jogadores da sua selecção. Futebol simples, apoiado, poucos toques na bola. Recepções dirigidas, desmarcações pensadas e com sentido. Poderá perfeitamente seguir para a 2nda fase.

Nigéria, Coreia do Sul e Grécia serão meros figurantes em tão grandiosa prova. Ainda que um deles chegue aos oitavos.

Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

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