Também a propósito disto.
“O que faço é procurar espaços. A toda a hora. Estou sempre à procura. A toda a hora, a toda a hora. Aqui? Não. Ali? Não. As pessoas que não jogaram nem sempre percebem como é difícil. Espaço, espaço, espaço. É como na PlayStation. Penso merda, o defesa está aqui, jogo para ali. Vejo o espaço e passo.”
O tipico número dez vai desaparecendo do futebol. A ideia de ter alguém a descer no campo para pegar na bola e conduzi-la até ao ataque já não faz sentido. Na actualidade, é quem não tem a bola que tem a missão de procurar espaços, de oferecer opções ao portador da bola, para que a equipa vá progredindo no campo.
“Há tantas opções de passe. Às vezes, até penso para comigo: o não-sei-quem vai ficar aborrecido porque fiz três passes e ainda não lhe dei a bola. É melhor dá-la ao Dani Alves, porque ele já subiu pela ala três vezes. Quando o Messi não está envolvido, é como se ficasse aborrecido… e então o próximo passe é para ele.”
As melhores equipas são as que conseguem envolver todos os jogadores neste jogo de apoios, de linhas de passe permanentes (sempre à direita, à esquerda, à frente e atrás do portador da bola). Quanto mais opções o portador da bola tiver, maior imprevisibilidade terá o jogo da sua equipa.
“Fico feliz, de um ponto de vista egoísta, porque há seis anos eu estava extinto; os jogadores como eu estavam em vias de extinção. Resumia-se a jogadores de dois metros, força, no meio, derrubes, segundas bolas, ressaltos…”
“Sou um romântico. Gosto que o talento, a habilidade técnica, sejam valorizados sobre a condição física”
A ideia de que um onze deve ter jogadores com diferentes características (uns mais fortes e resistentes para recuperar bolas, outros com maior capacidade de drible para resolver situações e ainda outros com bom indíce de finalização) é algo que não faz qualquer sentido. A premissa de que os criativos precisam dos tocadores de bombo, é de uma falsidade atroz. Na actualidade, nas melhores equipas, todos os jogadores são responsáveis por tudo.
Excelente…
Escrevi há dias algo que se enquadra exactamente nisso…
http://centrodejogo.blogspot.com/
Que delícia de post. Faz todo o sentido. E quando gosto de futebol, é assim que jogo, a procurar espaço para me desmarcar, e espaço onde possa pôr a bola para os colegas. Chega de Robocops
Clap! Clap!
Grande texto. Presumo que não seja da vossa autoria, certo? É que podiam por a fonte, só isso. De resto, espectáculo. E sobre o jogo, já agora, as premissas finais, aplicam-se a Jesus ou não? Penso que sim.
Abraço
Márcio Guerra, aliás, Bimbosfera
Bimbosfera.blogspot.com
Márcio, é tudo da nossa autoria, excepto o que está entre ", que são afirmações do Xavi.
Abraço
Obrigado, PB. É que entrevistas destas, pelo menos cá, Portugal, são raras e ficava a saber a fonte onde descobrem estas cenas. Muito bom, então.
Abraço!
Márcio Guerra
O melhor post deste blogue. Está aqui tudo. E tudo é futebol.
O Xavi faz parte dos que, jogando, são adeptos. E isso faz toda a diferença.
Lembro-me de uma entrevista ao Figo há uns anos em que ele dizia que, quando saía do estádio, esquecia o futebol, que não via jogos, que já chegava o facto de viver disto, o resto era para a família. Li aquilo indignado e intrigado. Ainda hoje não percebo a ideia de um jogador que liga e desliga quase como um operário que, saído da fábrica, pensa em beber uma cerveja e falar de mulheres. Sem futebol, sem nada.
Temos a agredecer ao Barcelona a sobrevivência do futebol que gostamos.
Gosto de muito do que se escreve neste espaço. E deixo um pedido – será que vamos ver análises ao jogo do Barça quando as coisas correm menos bem (ex. jogo com o Sp. Gijon)?
Bem o Figo bem que pode desligar do futebol, mas não foi por isso que deixou de ser um dos grandes. Há muitos jogadores de classe mundial e que ficaram para história que diziam que nem gostavam de ver futebol, só de jogar…
Boas,
O Deco, depois de ter sido campeão europeu pelo FCP foi transferido para o Barcelona, portanto época 2004/05. Recordarei sempre uma entrevista dada a um jornal Português, após cerca de 3/4 meses em Barcelona, em que lhe perguntam qual o grande jogador daquele magnífico plantel que acabaria por vencer a Champions. Para meu espanto, na altura, ele responde, Xavi!?
Note-se, era o Barcelona do Ronaldinho Gaúcho!
Os excepcionais distinguem-se dos bons também por isto.