Uma avenida no sul de Espanha

white corner field line on artificial green grass of soccer field
A possível diferença de valores não pode, nem deve explicar tanto desnível. Sim, no futebol o dinheiro compra tudo. De equipa medíocre, a grupo recheado de bons valores, vai um sheik de diferença. Carzola, Júlio Baptista, Van Nistelrooy, Toulalan e afins, são jogadores completamente inacessíveis a qualquer equipa portuguesa.
Reafirmando. Não é, contudo, na diferença de valores que Domingos deve centrar a sua análise. A linha defensiva do Sporting, como mencionado previamente aqui não sabe controlar a distância para a bola, e consequentemente a profundidade defensiva. As bolas nas costas da defensiva leonina sucedem-se de todas as formas (entre centrais, entre lateral e central, ou menos mal se a defesa recuperar metros rapidamente, entre lateral e linha lateral) e a uma velocidade vertiginiosa.
O Málaga teve uma proposta de jogo substancialmente diferente da do Valência. Mais do que solicitar a profundidade no espaço entre o guarda redes e a defesa leonina logo desde o sector defensivo, como tantas vezes fez o Valência, foi mais admirável o jogo dos de Pellegrini. Muito futebol apoiado, e um sem número de soluções para fazer chegar a bola ao espaço entre o sector defensivo e o meio campo do Sporting. E foi essencialmente daí e com passes rasteiros e curtos que o Málaga foi abrindo uma avenida na defensiva leonina. Uma abordagem ofensiva diferente, que permitiu também perceber outra lacuna que urge solucionar. Na verdade, o Jorge D. do Centro de Jogo, já a tinha mencionado num comentário neste mesmo blog. Foi, no entanto, mais fácil percebê-la no jogo de ontem. O espaço entre os defesas e os médios, nem sempre foi o suficientemente curto, para que não surgissem jogadores adversários com a bola dominada de frente para o jogo, e com somente os quatro defesas do Sporting à sua frente.
Não devemos esquecer a enorme atenuante que é o desconhecimento do adversário, particularmente na forma como sai para o ataque. Todavia, nunca pareceu que fizesse parte do plano de jogo, o importunar do portador da bola. Se assim continuar, não haverá condições para jogar tão alto. Há também, imenso para melhorar nos deslocamentos defensivos. Ter a bola a escassos 5,6,7 metros de distância e permanecer a jogar entre 10 a 15 metros à frente da linha de grande área é uma loucura. Reafirmando, contudo. A proposta de jogo de Domingos, é o melhor caminho para um clube grande em Portugal. Mas, há imensos aspectos a melhorar/modificar.
Confirmando-se o elevado nível de FC Porto, e o incremento de qualidade no SL Benfica, o próximo campeonato bem poderá decidir-se no detalhe. E o Sporting, está bem longe de controlar pequenos pormenores, que farão imensa diferença num campeonato equilibrado.
Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

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