Beira Mar com nove jogadores atrás da linha de bola que está na posse de João Pereira, ainda no seu meio campo defensivo. Matias, calmamente baixa no relvado, como que solicitando a bola, para iniciar pausadamente o ataque organizado do Sporting. João Pereira não só não respeita o movimento do colega, como dá um sprint em progressão com a bola colada ao pé, na direcção do meio campo adversário, acabando por a perder. Perdida a posse, barafusta como ninguém com Matias. Indica-lhe de forma veemente o espaço onde deveria estar para receber a bola.
O minuto 31 do Beira Mar x Sporting, acaba por personificar o que ainda é o Sporting nos momentos ofensivos. Não há um pensamento e um jogar comum. João Pereira não sabe, mas o momento ofensivo, ainda para mais quando estão nove adversários à frente da linha da bola, não se faz aos repelões. Ainda que o drible que tentou tivesse sido bem sucedido, que vantagem retiraria dele? Será compensador arriscar um drible para depois deste continuar a ter oito adversários à frente da bola? Sabendo até que o mesmo, mal sucedido, deixará o adversário com apenas quatro defensores até à baliza?
Acedo a admitir que Matias ainda não teve o rendimento que o seu potencial faz adivinhar. Não será, porém, seguramente fácil para o chileno coabitar com colegas com ideias diferentes. Matias tem o jogo todo na cabeça, mas são demasiados os que não o acompanham. Há ainda o handicap da sua catalogada falta de intensidade que o deixa embaraçado perante os adeptos, e o impede de ser mais extrovertido em campo.
Talvez Domingos ainda não tenha aflorado o processo ofensivo, e talvez seja essa a razão para que nem todos tenham a mesma ideia de movimentação/posicionamento na mente. Fica no entanto o conselho. As coisas podem não estar a sair ao chileno, mas garantidamente que sabe mais do jogo que quase todos os outros. Percebe os momentos em que se deve progredir com bola e sabe quando deve baixar para nesta pegar e progredir em consecutivos passes.
Se há algo que se deve saber é que particularmente no momento de organização ofensiva, não se deve forçar a que as coisas aconteçam de forma demasiado rápida. Há que ter paciência, rodar a bola em sucessivos passes no pé do colega, esperando o momento certo para fazer a bola progredir não no pé, mas na profundidade. Se temos na equipa um jogador que de cada vez que pega na bola, vai para cima, sabemos que estará no coração do adepto, mas tão longe da necessidade que temos de jogar com qualidade.
P.S.- Poucos minutos depois, Fernandez é substituído. Se percebeu o porquê de ser ele a sair, a caixa de comentários está ai.
Deixe uma resposta