Convocatória para a selecção A

“O Paços de Ferreira deve ter de ser campeão europeu para ver os seus atletas chamados à selecção” Facebook do Paços de Ferreira.
Tendemos sempre a olhar para o que determinado jogador fez para justificar a sua chamada à selecção nacional. 
Na caixa de comentários do post anterior surge a pergunta “Não fez André Almeida mais do que Silvio na presente temporada?” Talvez tenha feito. Porém, no caso concreto duma selecção importa sempre escolher os melhores. Ter feito melhor não significa por si só que se é melhor. Fazer regularmente melhor, sim. 
A questão que se deve colocar não é tanto “o que fez ou não fez para cá estar”, mas “o que poderá fazer / acrescentar cá”. 
Percebo a ideia de premiar quem teve melhor ao longo de determinado período, sobretudo num período recente. Todavia, não concordo.
Há uns meses quando André Gomes foi chamado, a indignação dos que não concordavam com a chamada foi sempre pelos motivos errados. “O que fez ele a mais que X para estar na selecção?”. Por cá, a discordância pela opção de Paulo Bento foi sobretudo pelo questionar “…que tem André Gomes para acrescentar?”.
Muito recentemente foi aqui  escolhido o onze do ano em Portugal. Questionaram a ausência de André Martins. Vitor, André Leão e Hugo Viana fizeram uma época incrivelmente superior ao jovem craque leonino, que esteve ausente praticamente dois terços da época. Se passasse por mim a convocatória para a selecção nacional teríamos Martins preterido pelas escolhas que eu próprio tomei para onze do ano? Nem pensar! Recorde, a questão que se coloca não deverá ser “o que fez para cá estar”, mas “o que poderá fazer quando cá estiver”. Nesse sentido, deve ser relativamente indiferente se X foi melhor que Y. Ao seleccionador cabe escolher o melhor. Aquele que pela sua qualidade mais pode contribuir para o que virá, e não o que contribuiu para o que já aconteceu.
Carlos Queirós pensou diferente quando ostracizou João Moutinho.
André Almeida foi muito competente defensivamente. Não sei o que terá sido a época de Silvio. Não o observei uma única vez. Porém, optaria sempre pelo segundo. É incrivelmente mais jogador que o primeiro e poderá, garantidamente, ofertar mais do que Almeida.
Aqui vai, com os convocados de Paulo Bento, o meu onze. Assim estejam clinicamente aptos e fisicamente a um nível satisfatório:
Patrício, Amorim, Bruno Alves, Neto, Coentrão, Custódio, André Martins, João Moutinho, Ronaldo, Postiga e Nani.
P.S. – Não convocaria nenhum dos jogadores que tão brilhantemente levaram o Paços de Ferreira à pré eliminatória da Liga dos Campeões. Mesmo sabendo que no futuro, Josué possa vir a tornar-se jogador de selecção. Não o é agora, não porque jogue no Paços, mas porque aos vinte e dois anos ainda não tem o nível necessário. Potencial para lá chegar, há.
Adenda – Teria convocado André Martins ainda antes de se tornar titular no Sporting.
Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

Seja o primeiro a comentar

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado.


*