
“É comum afirmar-se que uma equipa deve ser construída através de diferentes características de jogador para jogador.
Ainda hoje, há quem pense que uma equipa deve ser formada por dois ou três “carregadores de piano”, dois ou três artistas e um avançado alto e forte. Crê-se que o trinco deve correr kms e que à sua frente deve jogar alguém capaz de transportar a bola pelo campo fora. Que o extremo tem de ser um driblador.
Nada mais falso. Para se formar uma boa equipa, bastam 10 inteligentes jogadores
…
Na actualidade, o jogo de futebol, não mais, é um conjunto de 10 duelos de 1×1. As (boas) equipas movimentam-se forma harmoniosa e equilibrada por todo o campo de jogo. Em todos os momentos, há algo a cumprir, não só pelo portador da bola, e pelos jogadores que o rodeiam, mas também por todos os outros.
Em todas as ocasiões, há um posicionamento colectivo a ser cumprido, pelo que um extremo pode ter tanta relevância no processo defensivo quanto um defesa central.
Quando observar um jogador, a correr demasiado, tentando ser ele, a pressionar, em todos os momentos, o portador da bola. Quando perceber que determinada equipa sai para o ataque através da condução de bola de determinado jogador. Ou quando, perceber que determinado extremo recorre incessantemente ao drible, desconfie. Provavelmente não são os jogadores que são bons. É a equipa que é má. Tais situações, só são passíveis de acontecer, em equipas cujo colectivo seja débil.
Esqueça a disparatada ideia, de que um Pirlo necessita de um Gattuso. Numa verdadeira equipa, todos experimentam as diferentes funções. Isso é, claramente, algo que as melhores equipas europeias da actualidade nos podem ensinar.
PS – Alan e César Peixoto, dois “puros” extremos, cumpriram, na época 2008/2009, aquela que foi, provavelmente, a melhor época das suas vidas. Ambos jogaram, pela primeira vez, nas suas já longas carreiras, como centro-campistas. Relembre. Basta técnica, inteligência, e um treinador que indique o caminho.”
Por tomadas de decisão, deve entender-se, as opções que cada jogador toma a cada momento (com ou sem bola). Para onde deslocar? A que velocidade o fazer? Que espaço ocupar? Para onde desmarcar? Quando soltar a bola? e para onde? Quando progredir com a bola?
Cada situação de jogo tem uma forma mais eficiente de ser resolvida. Tal não significa que optando pelo pior caminho, se estará sempre condenado ao insucesso. Tão pouco que, optando bem, se será sempre bem sucedido. Significa somente que, optando bem, está-se sempre mais próximo de ser bem sucedido.
Se em dez situações de 2×1, o portador da bola (no momento inicial, antes do passe), for capaz de as resolver dessa forma, provavelmente a sua equipa fará 8,9 golos, ainda que nenhum marcado por si (uma vez que acabará por fazer o passe para o colega de equipa).
Se na mesma situação, o portador da bola optar por driblar o defesa, e mesmo partindo do princípio que os seus traços individuais são bastante bons, provavelmente, em dez lances, marca 4,5 golos.
Os jogos em que, optando mal, se chega ao golo, são óptimos. Porém, em termos globais, a equipa sai prejudicada. Os 5 golos marcados dão notoriedade aos olhos do comum adepto. Mas, não são o que de melhor poderia ter dado à equipa.
Quem toma as melhores decisões a cada momento, tem a sua equipa, sempre mais próxima do objectivo (marcar, não sofrer, ganhar). Mesmo que não obtenha tanta notoriedade.
A situação descrita é uma situação de finalização, por ser de mais fácil compreensão. Porém, é importante perceber-se que as decisões se aplicam em todas as situações do jogo. Por mais banais que lhe pareçam. É que, para se chegar a uma situação de finalização, há todo um trabalho prévio, tão importante quanto o último momento (que nunca surge, quando a fase que antecede a finalização não é eficiente).”
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