
Fantásticas algumas declarações de Peixoto, o jogador que decidiu trocar o SL Benfica por um clube de menor dimensão, porque queria ser mais feliz em campo, ontem na RTPI.
“Queria jogar no meio campo. Queria ter mais bola. Queria pensar mais o jogo.”
“Aprendi mais com Jesus do que com Mourinho, mas se calhar porque com Mourinho tinha vinte e poucos anos e não estava tão disponível para aprender“
Curioso como a quase totalidade dos jogadores mais velhos (ontem Manuel José referiu também que só depois de terminar a carreira de jogador percebeu que afinal nada percebia do jogo) mesmo os que ainda estão em actividade recordam erros do passado. Geralmente associados a uma incompreensão sobre o jogo e a uma sobranceria própria da juventude, que sempre os levou a uma incapacidade para perceber que há quem lhes possa acrescentar algo em tempo útil.
E o recordar de um texto com quase 5 anos (3 de Setembro de 2009) aqui:
“Hugo Viana e César Peixoto. O meu fabuloso e underrated pé esquerdo.”
“Newcastle sign £8.5m Viana – ‘the new Figo'” (“The independent”.2002).
De over a underrated. De forma bastante simples, se sintetiza a carreira de Hugo Viana. Os permanentes rótulos, colocados pela imprensa, ainda que possam ter ajudado na sua vertente financeira, poderão ter-lhe limitado a carreira.
Bastante bom tecnicamente, e com excelente percepção sobre o que é o jogo, a Hugo Viana faltou, sempre, velocidade (não só na sua vertente mais pura. A passada. Como também na execução), para poder justificar a avolumada soma paga pelo Newcastle.
Contudo, mais bizarro que os 8.5 milhões de libras, pagos pela sua transferência, é o facto de, aos 26 anos, voltar para a Liga Sagres para representar o Sp. Braga. Pelas suas limitações, dificilmente seria titular num dos 3 maiores da Liga Sagres. Porém, seria, indiscutivelmente útil.
Aos 29 anos, César Peixoto volta a um dos grandes do futebol português.
Jogador pouco consensual, Peixoto, tal como Viana, tem na ausência de velocidade o seu principal handicap. Tal característica, e as permanentes lesões (e quão graves) diminuiram uma carreira que poderia ter sido bem mais notável (não esquecendo, ainda assim, o seu rico palmarés).
Bastante inteligente, e com um excelente pé esquerdo (impressiona a forma como entrega, sempre, a bola jogável), César é um jogador de classe. A objectividade do seu jogo, aliada aos excelentes recortes técnicos (a quantidade quase infindável de “cuecas” e “cabritos” aplicados na partida ante o Celtic, foram, desde logo, bons motivos para seguir o jogo) são imagem de marca.”
Criatividade, inteligência e qualidade técnica. Tanta cirurgia marcaram uma carreira que poderia e deveria ter sido bem diferente. Ainda que César tenha estado em todo o lado. E sendo como homem o jogador que é, provavavelmente não o trocaria por maior notoriedade individual.
Deixe uma resposta